As sondas Voyager já ultrapassaram a marca de 20 bilhões de quilômetros e seguem se distanciando da Terra. Por mais que essa seja uma distância grande, é correto dizer que as sondas ainda não saíram do sistema solar? É comum dizermos que elas já se encontram no espaço interestelar, mas a verdade é que a questão é mais complexa do que parece.

A distância da Terra muda a todo instante, já que as sondas estão acelerando para fora da órbita do Sol a mais de 60 mil km/h. Surpreendentemente, elas ainda são perfeitamente comunicáveis, mas um único pulso de sinal leva quase um dia inteiro para chegar nas antenas da Terra.
As sondas Voyager já estão sendo desativadas
Infelizmente, as sondas já são bem velhinhas e considerando os 10 principais instrumentos científicos integrados, apenas 4 estão funcionando na Voyager 1 e 5 deles ainda continuam ligados na sonda de número 2.
A natureza do gerador radioativo de energia das espaçonaves representa o desafio. Segundo a NASA, ele perde 4 watts de eficiência anualmente, o que indica que apenas um equipamento científico esteja operacional até por volta de 2025. Após esse período, a sonda entrará em estado de hibernação e enviará apenas um sinal breve para indicar a possibilidade de estabelecer comunicação, até que a energia se esgote completamente.
Nesse ponto, as sondas continuarão vagando pelo universo, solitárias e completamente apagadas. Felizmente, para perpetuar nossa espécie, ambas as espaçonaves levam consigo um disco de ouro com a localização aproximada da Terra, dados sobre nosso planeta, os humanos, saudações em diversas línguas e imagens do que existe em nosso pálido ponto azul.

Elas já estão fora do sistema solar?
De acordo com a NASA, não existe resposta necessariamente certa, mas elas definitivamente não saíram do sistema solar, com base na definição científica de “fora do sistema solar”. Na prática, existem dois limites que podemos definir para o sistema solar. O primeiro deles é a Heliosfera do Sol e o segundo é a nuvem de Oort.
Primeiramente, a Heliosfera cerca o sistema solar como uma espécie de bolha magnética e enfraquece em uma certa distância, marcando o início do espaço interestelar. Enquanto elas passavam pelo limite dessa bolha, foi possível detectar uma interação da própria Heliosfera com o plasma interestelar.
Os instrumentos de medição de plasma da Voyager detectaram picos de radiação durante a transição para o espaço interestelar, onde a Heliosfera não consegue mais repelir fortemente o vento de radiação proveniente de estrelas distantes. Em outras palavras, ela teria encontrado o espaço interestelar a partir daqui.

No entanto, há um segundo limite: a nuvem de Oort. A região resulta do material mais disperso na nebulosa durante a formação do sistema solar que não conseguiu se agrupar em corpos maiores, como aconteceu como os principais planetas. A dimensão dessa nuvem pode chegar a mais de 1 ano-luz de diâmetro.
Mesmo após viajar no espaço por quase 50 anos, espera-se que as sondas levem pelo menos 300 anos para alcançar o limite interno da Nuvem de Oort e possivelmente 30.000 anos para atravessá-la. Portanto, considerando esse limite, as sondas ainda estão muito distantes de sair do sistema solar.
Qual será o destino da missão?
Os cálculos orbitais revelam que em cerca de 40.000 anos, a sonda Voyager 1 irá passar a apenas 1,6 anos-luz da estrela AC+793888 e a Voyager 2 passa a só 1,7 anos-luz da estrela Ross 248 e, em cerca de 300 mil anos, a sonda chegará então a 4,3 anos-luz de Sirius, a estrela mais brilhante no céu noturno.
Enfim, a missão foi e está sendo fantástica. Caso não sejam atingidas por nada no caminho, as sondas vagarão para sempre rumo à escuridão do espaço.