Exoplanetas

Nasa encontra exoplaneta do tamanho da Terra em zona habitável

O satélite de pesquisa de exoplanetas em trânsito da NASA (TESS) descobriu seu primeiro planeta do tamanho da Terra na zona habitável – a distância até sua estrela em que as condições podem ser adequadas para permitir a presença de água líquida na superfície.  Os cientistas confirmaram a descoberta, chamada de TOI 700 d, usando o Telescópio Espacial Spitzer.

O TOI 700 d é um dos poucos planetas do tamanho da Terra descobertos na zona habitável de uma estrela até agora. Ele orbita a estrela TOI 700, localizada a pouco mais de 100 anos-luz de distância. Possui aproximadamente 40% da massa e tamanho do Sol e metade da temperatura superficial.

(Créditos: Nasa)

A descoberta, feita com o satélite TESS, rastreia mudanças no brilho estelar causadas por um corpo em órbita cruzando na frente em relação a nossa perspectiva, um evento chamado de “trânsito”.

“O TESS foi projetado e lançado especificamente para encontrar planetas do tamanho da Terra orbitando estrelas próximas”, disse Paul Hertz, diretor da divisão de astrofísica da sede da Nasa. “Descobrir o TOI 700 d é uma descoberta científica essencial. Confirmar o tamanho do planeta e o status da zona habitável com o telescópio Spitzer é mais uma vitória para ele ao se aproximar do fim das operações científicas”, concluiu.

A estrela foi originalmente classificada incorretamente no banco de dados do TESS como sendo mais semelhante ao nosso Sol, o que significava que os planetas pareciam maiores e mais quentes do que realmente são. Vários pesquisadores, incluindo Alton Spencer, um estudante do ensino médio que trabalha com membros da equipe do satélite, identificaram o erro.

“Quando corrigimos os parâmetros da estrela, o tamanho de seus planetas caiu e percebemos que o mais externo era do tamanho da Terra e na zona habitável”, disse Emily Gilbert, estudante de graduação da Universidade de Chicago. “Além disso, em 11 meses de dados, não vimos explosões de radiação na estrela, o que aumenta as chances de o TOI 700 d ser habitável e facilita a modelagem de suas condições atmosféricas e de superfície”, concluiu.

Além do planeta potencialmente habitável, os pesquisadores encontraram mais dois planetas, incluindo um mais interno, chamado de TOI 700 b, sendo quase exatamente do tamanho da Terra, provavelmente é rochoso e completa uma órbita a cada 10 dias na estrela.

O TOI 700 c, por outro lado, é 2,6 vezes maior que a Terra – entre os tamanhos da Terra e Netuno – orbita a estrela cada 16 dias e provavelmente é um mundo gasoso.

O TOI 700 d, o planeta mais externo conhecido no sistema e o único na zona habitável, é 20% maior que a Terra, orbita a estrela cada 37 dias e recebe de sua estrela 86% da energia que o Sol fornece à Terra. Pensa-se que todos os planetas estejam travados gravitacionalmente à sua estrela, o que significa que em metade da órbita eles são constantemente banhados pela luz do dia.

Embora as condições exatas do TOI 700 d sejam desconhecidas, os cientistas podem usar as informações atuais, como o tamanho do planeta e o tipo de estrela que ele orbita, para gerar modelos de computador e fazer previsões. Pesquisadores do Goddard Space Flight Center da NASA em Greenbelt, Maryland, modelaram 20 ambientes em potencial do TOI 700 d para avaliar se alguma versão resultaria em temperaturas e pressões de superfície adequadas para a habitabilidade.

Uma simulação incluiu que o planeta é coberto por um oceano com uma atmosfera densa e dominada por dióxido de carbono, semelhante ao que os cientistas suspeitam ter cercado Marte quando era jovem.

Quando a luz das estrelas passa pela atmosfera de um planeta, ela interage com moléculas como dióxido de carbono e nitrogênio para produzir sinais distintos, chamados linhas espectrais. Dessa forma, podemos deduzir esses ambientes.

“Algum dia, quando tivermos espectros reais do TOI 700 d, podemos voltar atrás, combiná-los com o espectro simulado mais próximo e depois com um modelo”, disse Gabrielle Engelmann-Suissa, da Associação Universitária de Pesquisas Espaciais e assistente de pesquisa da Nasa. “É emocionante, porque não importa o que descobrimos sobre o planeta, parecerá completamente diferente do que temos aqui na Terra”, concluiu.

Por Jeanette Kazmierczak
Traduzido e adaptado de Nasa

Alexsandro Mota

Nordestino, um grande amante da astronomia e divulgador científico há quase uma década. Sou o criador do projeto Mistérios do Espaço e dedico meu tempo a tornar a astronomia mais acessível.