Bolas brilhantes explodem na atmosfera da Terra o tempo todo como resultado de rochas espaciais entrando em contato com nossa atmosfera. E uma bola de fogo que explodiu sobre o deserto australiano em 2016 poderia ter sido confundida com qualquer outra, se não com uma rede de câmeras monitorando o céu em busca de tais eventos.
Foi graças às imagens tiradas por essas câmeras – chamadas de “Fireballs in the sky” – que os astrônomos foram capazes de verificar que a bola de fogo não era uma rocha espacial comum. Em vez disso, os dados de velocidade revelaram que a rocha provavelmente estava em órbita ao redor da Terra antes de cair na atmosfera – um fenômeno conhecido como um “orbitador capturado temporariamente” ou, popularmente chamada de “minilua”.

Há um monte de rochas lá fora, passando próximo a Terra, então é lógico que algumas delas vão penetrar na atmosfera em algum momento. A maioria delas termina como bólidos – um meteoro muito brilhante que explode no ar antes que possa atingir o solo. Isso ocorre porque, pensam os cientistas, o ar de alta pressão na frente do meteoro caindo penetra em fendas na rocha, aumentando a pressão interna e fazendo com que a rocha se quebre.
Mas, de vez em quando, um desses asteroides é capturado na órbita da Terra por um tempo. Porém, não é frequente: de acordo com uma simulação de supercomputador publicada em 2012 envolvendo 10 milhões de asteroides virtuais, apenas 18.000 foram capturados na órbita da Terra.
Não sabemos exatamente quantos asteroides existem perto da Terra. As estimativas colocam o número na casa dos milhões, mas em 30 de novembro de 2019, apenas 21.495 foram descobertos. Isso ocorre porque eles são pequenos e muito difíceis de ver – e essa dificuldade de detecção também se estende as miniluas.
Detectamos luas temporárias em torno de outros planetas – Júpiter é comum na captura de miniluas – mas aqui na Terra, as detecções delas são extremamente raras. Antes do bólido de 2016, tínhamos visto apenas duas miniluas da Terra: um asteroide chamado 2006 RH120, que orbitava a Terra por cerca de um ano, de 2006 a 2007 e um bólido em janeiro de 2014.
Com seis câmeras espalhadas por centenas de quilômetros no deserto australiano (veja na imagem acima), a bola de fogo que apareceu no céu em 22 de agosto de 2016 foi observada em grande detalhe. Os pesquisadores, liderados pelo cientista planetário Patrick Shober da Universidade Curtin, na Austrália, foram capazes de determinar a velocidade do objeto (11 quilômetros por segundo), e a trajetória (quase vertical).
A velocidade lenta indica que o objeto estava orbitando a Terra. Com base nos cálculos da equipe, há uma probabilidade de 95% de o objeto ser um “orbitador capturado temporariamente”.
Há uma boa razão para esses objetos serem interessantes. Enviar naves espaciais para asteroides é demorado e caro, e envolve algumas distâncias bastante vastas. Se houvesse um asteroide rodeando em órbita da Terra por um tempo, seria muito mais fácil chegar lá para estudá-lo. [ScienceAlert]