O ano de 2019 já chegou e como foi prometido, o Event Horizon Telescope têm trabalhado duro para nos trazer a primeira fotografia telescópica do horizonte de eventos de um buraco negro. Afinal, apesar de toda sua popularidade na imaginação coletiva, nunca vimos um buraco negro. E a razão para isso é simples.
Os buracos negros em si são literalmente invisíveis. A força de sua gravidade é tão grande que, além de certo ponto, nada escapa. Isso inclui a radiação eletromagnética – como raios-X, infravermelho, luz e ondas de rádio – que nos permitiria detectar diretamente o objeto. Esse ponto sem retorno é chamado de horizonte de eventos e, além de ser um local aterrorizante no qual você nunca quer chegar perto, também é a nossa chave para realmente visualizar um buraco negro.
Embora possamos não ser capazes de ver o buraco negro em si, há uma chance de que seu horizonte de eventos possa ser fotografado e estamos tentadoramente perto de vê-lo graças ao Event Horizon Telescope (EHT), que deve anunciar publicamente a qualquer momento. Os cientistas estão coletando dados de vários telescópios ao redor da Terra para tentar unificá-los como um único telescópio gigantesco.
Mas enquanto essa imagem não chega, um astrofísico chamado Jean-Pierre Luminet já propôs, desde 1978, o que poderia ser considerado a primeira imagem do horizonte de eventos de um buraco negro.
Não é uma foto real, claro. Luminet, que tinha formação em matemática, usou seu conjunto de habilidades para realizar a primeira simulação computacional do que um buraco negro poderia parecer para um observador, usando um computador IBM 7040. A imagem distorcida – vista acima – mostra como um disco achatado de material caindo em um buraco negro poderia parecer se fôssemos perto o suficiente para vê-lo. Não parece plano, porque a gravidade intensa do buraco negro está dobrando a luz em torno dele.
O EHT têm se concentrado em Sagitário A*, o buraco negro supermassivo no centro de nossa própria galáxia, a Via Láctea. Ninguém sabe exatamente o que vem por aí: É possível que os dados coletado pelo EHT retornem apenas como alguns pixels borrados.
Além da foto, claro, esperamos que a pesquisa nos ajude a entender mais sobre a polarização da radiação, a estrutura do campo magnético e os jatos relativísticos do buraco negro. [ScienceAlert]
Atualização: A foto será divulgada na próxima quarta-feira, 10 de abril.
Divulgador científico há pelo menos 6 anos, dedica seu tempo a tornar a astronomia mais popular entre o público leigo, constantemente traduzindo, escrevendo e adaptando matérias com abordagem didática para o projeto Mistérios do Espaço. É natural da cidade de Conceição do Coité e está graduando em Comunicação Social, pela Universidade do Estado da Bahia.