Existe uma enorme variedade de planetas na nossa galáxia. A última década demonstrou que existem mundos realmente peculiares, desde planetas de magma e mundos aquáticos, até júpiteres quentes que são tão próximos de suas estrelas que têm uma atmosfera rica em ferro.

Uma classe particular de planeta que está faltando é o chamado Netunos quente. Estes são planetas maiores que a Terra, mas menores que Júpiter, que orbitam sua estrela bem de perto. Os astrônomos chamam essa aparente escassez de “deserto netuniano” e as evidências sugerem que essa ausência se deve à evaporação da maioria dos planetas devido a proximidade com suas estrelas. Essa dramática evaporação foi testemunhada em objetos excepcionais como GJ 436b e G3470b.
No entanto, um novo objeto foi encontrado, e suas propriedades são tão peculiares que a equipe internacional o apelidou de “proibido”. NGTS-4b, seu nome técnico, tem 20 vezes a massa da Terra e um raio 20% menor que Netuno. Ele orbita sua estrela em apenas 1,3 dia e tem uma temperatura de 1.000 °C.
De acordo com o estudo publicado no Monthly Notices da Royal Astronomical Society, o planeta está sendo bombardeado por raios X e fótons ultravioleta extremos, e os pesquisadores estimam que ele pode estar perdendo cerca de 10.000 toneladas de sua atmosfera a cada segundo.
Esse número alto, cerca de 10 vezes maior que o visto no GJ 436b, combinado com o fato de que o planeta aparentemente sobreviveu às eras quando a estrela estava mais ativa é realmente impressionante. A equipe sugere que ou o planeta migrou para mais próximo recentemente ou que deve ter um grande núcleo denso cuja gravidade tenha lutado bem contra a poderosa estrela.
“Este planeta deve ser resistente – está bem na zona em que esperávamos que os planetas do tamanho de Netuno não pudessem sobreviver”, disse o principal autor do estudo, Richard West, da Universidade de Warwick. “Agora estamos vasculhando os dados para ver se podemos ver mais planetas no “deserto de Netuno” – talvez o deserto seja mais verde do que se pensava”, concluiu.
A observação foi possível devido à técnica de trânsito, em que a luz da estrela é reduzida ligeiramente pelo planeta que passa em frente a ela. Os observatórios terrestres geralmente podem detectar planetas em trânsito que ofuscam sua estrela em mais de 1%, portanto, os que são relativamente próximos e grandes. Mas a Pesquisa de Trânsito da Próxima Geração (Next Generation Transit Survey – NGTS) usada nesta descoberta foi capaz de detectar um escurecimento muito abaixo disso.
“É realmente notável que tenhamos encontrado um planeta em trânsito através de uma estrela com menos de 0,2% de obscurecimento – isso nunca foi feito antes por telescópios no solo, e foi ótimo encontrá-lo depois de trabalhar neste projeto por um ano”, disse West. [IFLS]