Planetas

Planeta com nuvens de metal é o maior espelho do universo

LTT9779 b é um mundo recém-descoberto a 264 anos-luz da Terra e pode ser o maior espelho conhecido no universo. Por que exatamente? Bom, ele está coberto por nuvens metalizadas.

Se há uma coisa que hoje temos uma boa noção é que quase todas as estrelas de uma galáxia podem ter um planeta em órbita. Até agora, descobrimos mais de 4 mil planetas orbitando estrelas além da nossa e, quando você considera a população geral de estrelas só nossa galáxia, esse número poderia subir para trilhões deles por aí. Considerando todas essas possibilidades, imagina só a variedade de mundos que podem aparecer no universo, os diversos cenários bizarros e climas totalmente estranhos.

Ilustração do exoplaneta LTT9779b. Créditos: Ricardo Ramírez Reyes.

O planeta, denominado LTT9779 b, encontra-se a aproximadamente 264 anos-luz de distância da Terra e reflete impressionantes 80% da luz que chega da sua estrela. Em comparação, a Terra reflete apenas 30% da luz solar que incide sobre ela e Vênus 75%, ou seja, o exoplaneta da vez é tão reflexivo que desafia o planeta mais brilhante do nosso sistema solar em sua capacidade de refletir luz. Além disso, o exoplaneta é quase cinco vezes maior em diâmetro do que a Terra!

“Imagine um mundo em chamas, perto de sua estrela, com pesadas nuvens de metais flutuando no alto, chovendo gotas de titânio”, disse o pesquisador James Jenkins, astrônomo da Universidade Diego Portales, em um comunicado.

Descoberto através da missão exoplaneta Cheops da Agência Espacial Europeia (ESA), o mundo orbita uma estrela semelhante ao Sol em incríveis 19 horas e está tão próximo que seu lado voltado para a estrela atinge uma temperatura estimada de 2.000°C. O que impressiona é sua notável refletividade, que é atribuída à presença de nuvens metálicas vítreas em sua atmosfera.

Os pesquisadores acreditam que as nuvens de metal e o alto albedo do LTT9779 b foram formados quando sua atmosfera atingiu uma supersaturação de silicatos e metais vaporizados devido às altas temperaturas no lado diurno permanente do planeta.

Além disso, os pesquisadores dizem que o planeta não deveria existir. “Esperamos que planetas como este tenham sua atmosfera destruída por sua estrela, deixando para trás rocha nua.”, disse a coautora do estudo Vivien Parmentier, do Observatório da Côte d’Azur.

No entanto, ele foi descoberto e está lá, o tornando um dos mundos mais misteriosos já encontrados. Imagina só ter um LTT9779 b no céu noturno de um outro planeta.

Alexsandro Mota

Nordestino, um grande amante da astronomia e divulgador científico há quase uma década. Sou o criador do projeto Mistérios do Espaço e dedico meu tempo a tornar a astronomia mais acessível.