O espaço interplanetário é cheio de detritos, asteroides e cometas espalhados aleatoriamente. Mas se há algo que está bem organizado, é a distribuição dos próprios planetas. Todos os planetas rochosos (como Terra e Marte) estão próximos, todos os planetas gigantes (como Saturno e Júpiter) estão mais distantes.

Essa “grande divisão” deixou os cientistas perplexos por um longo tempo, mas a descoberta de muitos outros sistemas planetários destacou que o nosso próprio está mais próximo da exceção do que da regra. Em um novo estudo publicado na Nature Astronomy, dois pesquisadores têm uma nova abordagem para explicar as diferenças no sistema solar interno e externo, a origem dessa divisão e, possivelmente, até como a vida floresceu na Terra.
Eles sugerem que a partição do Sistema Solar vem diretamente do disco protoplanetário ao redor do jovem Sol do qual os planetas nasceram. O Sistema Solar foi dividido em duas ou mais partes pelo disco, e os materiais nessas duas regiões foram impedidos de se misturar, daí os dois tipos diferentes de planetas.
A divisão não é óbvia de se olhar. Era pensado um trecho vazio de espaço localizado perto de Júpiter, suspeito há muito tempo como o culpado que o causou um limite devido à sua massa que age como uma barreira gravitacional, impedindo que quaisquer detritos passem por ele. Mas as simulações realizadas nesta pesquisa exoneram o gigante do gás: não era grande o suficiente quando a divisão começou.
“Como você garante que o material do Sistema Solar interno e externo não se misture desde o início de sua história?”, questionou Ramon Brasser, autor principal e pesquisador do Instituto de Ciências da Terra-Vida (ELSI) do Instituto de Tecnologia de Tóquio em um comunicado.
Os astrônomos sugerem que, com base em observações conduzidas pelo observatório ALMA de outros sistemas estelares emergentes, o disco primário de formação planetária experimentou faixas de gás e poeira de pressão mais baixa e mais alta. Essas bandas atuariam como regiões distintas.
Em particular, os pesquisadores pensam que se a região de maior pressão do disco estivesse situada logo além do Cinturão de Asteroides, criaria duas regiões distintas e explicaria por que a composição material dos objetos do Sistema Solar pode ser dividida em dois tipos – “rochoso” e “gasoso” – dependendo de que lado eles se formaram.
A barreira não é perfeita, o que é uma boa notícia, pois, caso contrário, todas as substâncias voláteis e ricas em carbono do Sistema Solar exterior não teriam conseguido chegar até nós, que na Terra continuariam a ajudar a formar a vida.
Traduzido e adaptado de IFLScience
Por Alfredo Carpineti