Medido de ponta a ponta, o universo como o conhecemos se estende por 93 bilhões de anos-luz de diâmetro. Essa extensão insondável contém 2 trilhões de galáxias, cada uma brilhando com milhões de estrelas e cada uma com mais planetas do que você pode imaginar. Dado todo esse espaço, parece improvável que estejamos sozinhos. No entanto, em toda a história humana, não encontramos nada que sugira o contrário.

Os cientistas que passaram suas carreiras procurando por qualquer sinal de uma civilização além da nossa admitem que é possível que tenhamos o cosmos para nós mesmos. Ainda assim, eles duvidam que esse seja o caso.
“Dizer que este é o único lugar em que há inteligência é arrogância de uma ordem muito alta”, disse o astrofísico Seth Shostak, do Instituto SETI. Estatisticamente falando, existem muitos locais onde a vida pode prosperar para que a humanidade seja uma anomalia.
O astrônomo Frank Drake sugeriu isso em 1961. Ele postulou que o número de civilizações tecnologicamente avançadas em nossa galáxia seria o produto de sete variáveis. Ele inclui o número de estrelas em toda a Via Láctea, quantas delas poderiam ter planetas e qual a porcentagem desses mundos poderia sustentar a vida.
Muitas das variáveis de Drake são especulativas, tornando sua matemática pouco mais que dedução. Mas os astrônomos agora sabem ao certo que exoplanetas, muitos dos quais poderiam abrigar vida, se formam por toda a Via Láctea. Nas últimas duas décadas, os pesquisadores confirmaram a existência de mais de 4.000 planetas só em nossa galáxia, uma descoberta que sugere que o cosmos está cheio deles.
Os cientistas debatem quantos desses planetas poderiam hospedar a vida, mas uma estimativa comum sugere que 20% das 250 bilhões de estrelas da Via Láctea podem ter mundos rochosos com temperaturas amenas o suficiente para permitir água líquida. Faça as contas e você estará diante de dezenas de bilhões de planetas apenas em nossa galáxia, onde a vida poderia prosperar.
Então, onde está todo mundo?
O físico italiano Enrico Fermi fez essa pergunta em 1950, e muitos cientistas a questionaram também. Eles argumentam que deve haver planetas mais antigos que a Terra e que pelo menos uma sociedade de seres extraterrestres seria avançada o suficiente para possuir tecnologia que nos alertaria sobre sua presença – que é o que os astrônomos querem dizer com “vida inteligente”.
Isso pressupõe que qualquer ser além do nosso sistema solar queira fazer contato. Alienígenas, no entanto, podem ficar quietos para evitar atrair agressores interestelares, por exemplo. Eles podem não ter a tecnologia para perceber nossa existência, ou ainda não temos os meios para ouvi-los chamando (ou entendendo a mensagem). Alguém lá fora pode estar tão longe que não recebemos o sinal deles.
É possível ainda que esse planeta azul seja “chato” e que ninguém mais acha interessante o suficiente para se dar ao trabalho de estudá-lo. Também é concebível que outras civilizações já tenham desaparecido, exterminadas por algum evento cósmico, catástrofes próprias ou simplesmente a passagem do tempo. Nesse caso, talvez um dia encontremos evidências de sua existência.
Mas muitos astrônomos acreditam que há uma razão muito mais lógica para não termos encontrado ninguém: o espaço é muito grande. Em toda a nossa história de pesquisas, não procuramos muito além do nossa própria redondeza cósmica.
No entanto, tudo pode mudar. Em uma planície alta e árida, a cerca de 400 quilômetros a nordeste da Cidade do Cabo, na África do Sul, uma série de 64 antenas chamadas MeerKAT espia no espaço. Esse tipo de pesquisa gera quantidades surpreendentes de dados. Até este ano de 2020, um supercomputador deve começar a analisar os dados até para o menor sinal eletrônico que sugerisse que existe outra civilização por aí.
Os astrônomos esperam, com esse upgrade, pesquisar 1 milhão de estrelas em cinco anos, cerca de 1.000 vezes mais do que qualquer projeto anterior.
Traduzido e adaptado de Popular Science
Por Rob Verger