Planetas

O planeta mais próximo do Sol contém gelo em sua superfície

Em 2012, os cientistas foram capazes de descobrir que existe dentro das regiões polares de Mercúrio, grandes quantidades de gelo de água. Embora a existência de gelo de água nesta região seja contra intuitivo, afinal, estamos falando de um planeta com 426°C na superfície, a existência de gelo é objeto de especulação há cerca de 20 anos. Somente depois que a espaçonave MESSENGER estudou a região polar que isso foi confirmado.

Lugares dos depósitos de gelo em Mercúrio.

Com base nos dados da MESSENGER, estimou-se que o mercúrio poderia ter entre 100 bilhões e 1 trilhão de toneladas de água gelada nos dois polos, e que poderia ter até 20 metros de profundidade em alguns lugares. No entanto, um estudo posterior indica que pode haver ainda três crateras grandes na região norte que também contêm gelo.

Mas como isso é possível?

Apesar de ser o planeta mais próximo do Sol (58 milhões de quilômetros de distância) e apresentar temperaturas superficiais escaldantes no lado voltado para a estrela, a baixa inclinação de Mercúrio significa que suas regiões polares estão permanentemente sombreadas e experimentam temperaturas médias de cerca de -73 °C. E ainda sem a presença de atmosfera, não há o fenômeno de convecção térmica, isso é, não há a transferência de calor pelo ar das regiões mais quentes.

A ideia de que o gelo possa existir nessas regiões remonta à década de 1990, quando telescópios de radar na Terra detectaram pontos altamente reflexivos dentro das crateras polares. Isto foi confirmado quando a espaçonave MESSENGER detectou sinais que eram consistentes com o gelo de água. Desde então, tem sido consenso geral que o gelo superficial de Mercúrio estava confirmado em sete grandes crateras.

Além de indicar que o Sistema Solar é mais imundado do que acreditava-se anteriormente, a presença de gelo abundante em Mercúrio apenas reforça a ideia de construção de “postos” nesses corpos. Esses postos poderiam ser capazes de transformar os depósitos de água em combustível de hidrazina, o que reduziria drasticamente os custos de missões de longo alcance em todo o Sistema Solar.

Mas voltando um pouco mais para nossa realidade, esses estudos de Mercúrio também oferece novas visões sobre como o Sistema Solar se formou e evoluiu.

A espaçonave MESSENGER é a primeira a orbitar o planeta Mercúrio, e os sete instrumentos científicos que ela carrega estão desenrolando a história desse primeiro planeta na ordem do sistema solar. Em apenas quatro anos de operação da missão, a MESSENGER adquiriu mais de 250.000 imagens e muitos outros conjuntos de dados. [UniverseToday/NASA]

Alexsandro Mota

Nordestino, um grande amante da astronomia e divulgador científico há quase uma década. Sou o criador do projeto Mistérios do Espaço e dedico meu tempo a tornar a astronomia mais acessível.