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O animal mais resistente da Terra pode estar vivo na Lua

Uma horda de bichos microscópicos chamados tardígrados eram passageiros a bordo da espaçonave israelense Beresheet, que colidiu com a superfície lunar quase quatro meses atrás. Mas como os tardígrados podem sobreviver em ambientes extremos, é provável que esses pequenos astronautas ainda estejam vivos.

(Créditos: Reprodução)

Os organismos microscópicos podem ficar sem água e oxigênio por longos períodos de tempo em um estado suspenso chamada criptobiose, na qual seus corpos secam e seus metabolismos se desligam. Coloque um tardígrado desidratado na água e recuperará suas funções completas em questão de horas.

“Os tardígrados podem sobreviver a pressões de até 74.000 vezes a pressão que experimentamos no nível do mar, então o impacto [da queda] não deve ser um problema para eles”, disse o zoólogo evolucionista Roberto Guidetti.

Os tardígrados também são conhecidos como ursos-d’água ou leitões de musgo – apelidos adequados, considerando-se que esses organismos se parecem com batatas de oito patas com faces amassadas e pequenas garras sob um microscópio.

Os tardígrados desidratados foram colocados a bordo da espaçonave Beresheet por uma empresa sem fins lucrativos chamada Arch Mission Foundation, que visa desenvolver um tipo de backup da Terra. De acordo com essa missão, a empresa colocou uma “biblioteca lunar” – um disco tipo DVD contendo um arquivo digital de quase todas as páginas da Wikipédia em inglês, junto com e-books e amostras de DNA humano – a bordo da espaçonave. Milhares de tardígrados foram anexados a essa biblioteca.

Beresheet deixou a Terra em 22 de fevereiro, mas quando se aproximou da superfície lunar em 11 de abril, uma falha no computador causou o mau funcionamento do motor principal da espaçonave e caiu na Lua viajando a 500 km/h.

Os tardígrados, disse Guidetti, provavelmente estão vivos, mas não “ativos” – o que significa que ainda estão em estado de “hibernação”. Se eles fossem de alguma forma reintroduzidos a água na superfície lunar, eles teriam o potencial de retornar a um estado ativo, mas isso também exigiria oxigênio.

Anteriormente, os ursos d’água conseguiram para sobreviver no vácuo do espaço, dentro de um vulcão e em um lago da Antártida. Eles até retornaram ao funcionamento normal após ficarem congelados por três décadas.

As criaturas, que podem crescer até 1,2 milímetros de comprimento, podem resistir a temperaturas entre -272 °C e 151 graus positivos. Eles também são capazes de sobreviver a altos níveis de radiação e pressão até seis vezes maior que a parte mais profunda dos oceanos da Terra.

Alguns cientistas argumentam que os tardígrados poderiam sobreviver a eventos catastróficos, como impactos de asteroides, que destruiriam a maioria das outras espécies da Terra. Mas tardígrados secos na Lua provavelmente não poderiam permanecer vivos para sempre.

“Se eles estiverem diretamente expostos à radiação UV solar não filtrada, eles estarão estruturalmente mortos dentro de alguns dias”, disse o ecologista Ingemar Jönsson.

Os tardígrados teriam a melhor chance de sobrevivência se eles acabassem abaixo da superfície da Lua como resultado do acidente de Beresheet. Não está claro se foi isso que realmente aconteceu, mas, se assim for, eles seriam protegidos da radiação UV e da radiação cósmica, e as temperaturas circundantes permaneceriam consistentemente abaixo de zero.

“Em tais condições, eles provavelmente poderiam sobreviver por anos”, disse Jönsson. [ScienceAlert]

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