Em uma manobra que desafia a morte da sonda, o Juno da NASA concluiu uma queima de combustível não planejada. O objetivo? Salvar a “vida” da sonda, ou pelo menos o resto de sua missão em Júpiter. Afinal, o gigante gasoso lança uma sombra profunda e escura. Escura o suficiente para matar Juno efetivamente se a sonda voar através dela.
Em vez de deixar a sonda passar 12 horas gastando bateria no lado noite de Júpiter e depois tentar uma ressuscitação arriscada do outro lado, a NASA tomou outra decisão: uma queima de 10,5 horas nos propulsores de reação de Juno que a afastará de Júpiter, distanciando da sombra do planeta.
10,5 horas é uma queima muito longa e consumiu cerca de 73 kg de combustível. Mas, sem isso, Juno teria mergulhado na profunda sombra escura de Júpiter em 3 de novembro. Teria passado 12 horas sem ver a luz do Sol, tempo suficiente para esgotar completamente suas baterias. A temperatura da espaçonave teria caído e, sem energia, provavelmente sucumbiria ao frio, para nunca mais despertar.
Felizmente, a ideia foi bem-sucedida e, de acordo com o pesquisador principal da Sonda Juno, Scott Bolton, era uma “solução incrivelmente criativa” para o problema.
Juno está em Júpiter desde julho de 2016. Desde então, realizou uma série de longas órbitas elípticas. Dessa forma, a escuridão não é a única coisa que Juno tem que evitar. A intensa radiação do planeta significa que a sonda caminha com muito cuidado ao redor do gigante gasoso. Cada órbita pólo a pólo aproxima os intensos cinturões de radiação que circundam Júpiter, onde a sonda mergulha abaixo dos cinturões para realizar sua melhor ciência.
Mas ela pode ficar apenas um breve período de tempo perto de Júpiter durante cada órbita. A radiação é tão intensa que cada passagem danifica um pouco os equipamentos eletrônicos e instrumentos da nave espacial, diminuindo sua vida útil. Eventualmente, mesmo estando dentro de um cofre protetor de titânio, os instrumentos falharão e a missão terminará.
Mas um período de 12 horas passando na sombra de Júpiter teria encerrado a missão prematuramente, com todos os seus instrumentos intactos e operacionais. Esse fim prematuro nos privaria de muito conhecimento e de incríveis imagens da JunoCam. Então foi instruída a evitar a escuridão. Porém, foram necessários recursos para isso, na forma do propulsor de hidrazina do sistema de controle de propulsão da nave.
Isso porque, em vez de uma fonte de energia RTG (gerador termoelétrico de radioisótopos) comum em outras missões tão distantes do Sol, a Juno depende da energia solar para suas operações. Juno, portanto, é a primeira missão a viajar tão longe do Sol com energia solar.
A missão é gerenciada pelo Laboratório de Propulsão a Jato da NASA. Foi lançada em 5 de agosto de 2011 e entrou na órbita de Júpiter em 5 de julho de 2016. A missão está prevista para terminar em julho de 2021, quando a sonda mergulhará em sua destruição na atmosfera de Júpiter. [ScienceAlert]