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NASA confirma a existência de água na superfície da Lua

Na semana passada, a NASA disse que iria revelar uma “descoberta emocionante sobre a Lua”, e, claro, o fato levou a muitas especulações sobre o que esta grande descoberta poderia ser. Agora todos podem entender a empolgação da agência espacial: a Lua parece ter muita água, e isso poderia tornar a exploração futura de nosso satélite natural muito mais fácil.

(Créditos: Reprodução)

Dois estudos publicados hoje na Nature Astronomy revelam as importantes novas descobertas aquáticas. O primeiro artigo, liderado pelo Dr. Casey Honniball da Universidade do Havaí em Mānoa, relata a descoberta inequívoca de água na superfície da Lua. O segundo estudo, liderado pelo Dr. Paul Hayne da Universidade do Colorado, Boulder, examina como a Lua captura e armazena essa água.

Indícios de que o satélite natural possui água têm sido recolhidos desde a década de 1970, mas apenas neste século que os pesquisadores foram capazes de encontrar uma forte evidência. O Lunar Reconnaissance Orbiter, o Lunar Crater Observation and Sensing Satellite, da NASA e o Chandrayaan-1 da Índia relataram a detecção de uma emissão de luz específica relacionada à água, mas não conseguiram diferenciar entre a água e outros compostos onde o hidrogênio e o oxigênio estão ligados. Em outras palavras, haviam indícios, mas ainda sem certeza!

Agora, os pesquisadores observaram a Lua usando o telescópio aerotransportado do Observatório Estratosférico para Astronomia Infravermelha (SOFIA), um observatório dentro de um Boeing 747 modificado que voa cerca de 11 quilômetros de altura na estratosfera terrestre. Ele pode visualizar o Sistema Solar de uma maneira que os telescópios terrestres não são tão eficazes.

Os cientistas foram capazes de detectar uma assinatura específica de H2O que não é compartilhada por outros compostos. Com isso, eles puderam avaliar que em altas latitudes ao sul lunar a água está presente no solo em cerca de 100 a 400 partes por milhão, inclusive em uma cratera iluminada pelo Sol. Isso equivale a um copo d’água para cada tonelada de solo.

A equipe não tem certeza de onde a água está localizada e também é incerto se a água foi levada para lá por asteroides ou se é produzida na Lua por um mecanismo que não sabemos.

É aqui que entra o segundo estudo. Hayne e seus colegas analisaram a distribuição do que é conhecido como “armadilhas frias” na Lua. Estas são regiões com sombras eternas, onde o Sol nunca brilha. A temperatura nessas sombras permanece abaixo de -160°C, o que significa que essas armadilhas frias são locais excelentes para a formação de gelo.

“As temperaturas são tão baixas nas armadilhas frias que o gelo se comportaria como uma rocha”, disse Hayne em um comunicado. “Se a água entrar lá, não vai a lugar nenhum por um bilhão de anos”, ressaltou.

A pesquisa mostra que as armadilhas frias com tamanhos variando de 1 centímetro a 1 quilômetro são provavelmente extremamente numerosas na superfície lunar. Embora as armadilhas tenham sido encontradas em ambos os pólos, 60% das armadilhas foram encontradas acima de 80 graus de latitude no hemisfério sul, o que confirma que esta é uma área excelente a ser considerada para uma futura exploração humana.

“Se estivermos certos”, disse Hayne, “a água será mais acessível para beber, para combustível de foguete, tudo para o que a NASA precisa de água”.

Traduzido e adaptado de IFLScience
Por Alfredo Carpineti 

Alexsandro Mota

Nordestino, um grande amante da astronomia e divulgador científico há quase uma década. Sou o criador do projeto Mistérios do Espaço e dedico meu tempo a tornar a astronomia mais acessível.