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NASA colidirá nave espacial com asteroide para desviá-lo

A hora chegou, vamos colidir uma nave espacial em um asteroide. O corpo celeste em questão é o Didymos B, o menor dos dois objetos no sistema de asteroides binários de Didymos. A espaçonave trata-se do Teste de Redirecionamento Duplo de Asteroides (DART), da NASA. O motivo: testar se o impacto de uma nave espacial pode desviar a trajetória de um asteroide, como um meio de proteger a Terra de rochas espaciais em rota de colisão.

(Créditos: NASA)

O projeto conjunto de avaliação de impacto e deflexão de asteroides (AIDA) da Agência Espacial Europeia (ESA) e da NASA foi anunciado em 2015, mas descobertas surpreendentes recentes de missões subsequentes de asteroides podem ter implicações para o teste. Por exemplo, quando o Hayabusa2, da JAXA bombardeou o asteroide Ryugu em abril deste ano, fez uma cratera muito maior do que o esperado. Além disso, o material na superfície do asteroide se comporta muito como areia, e isso poderia influenciar a eficácia da deflexão cinética do impacto.

O DART alcançará o asteroide em setembro de 2022 e impactará o menor dos dois objetos, Didymos B ou Didymoon, e verá se ele pode mudar sua trajetória. Modelar o que aconteceu em Ryugu pode ser a chave para descobrir com precisão o que acontecerá com Didymoon.

“Hoje, somos os primeiros seres humanos na história a ter a tecnologia que potencialmente desviará um asteroide de impactar a Terra”, disse o astrônomo Ian Carnelli, da ESA. “A principal questão que resta ser respondida é: quais são as tecnologias e modelos que temos bons o suficiente para realmente funcionar? Antes de dirigir um carro, você precisa ter uma apólice de seguro. Bem, AIDA é a apólice de seguro para o planeta Terra”, concluiu.

O sistema Didymos também é a base de testes perfeita. É um objeto próximo à Terra – portanto, não muito distante – que não está em rota de colisão com a Terra, o que significa que é improvável que nossos testes saiam pela culatra.

“O alvo do DART, Didymos, é um candidato ideal para o primeiro experimento de defesa planetária da humanidade”, disse a cientista planetária Nancy Chabot, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins. “Não está no caminho de colidir com a Terra e, portanto, não representa uma ameaça atual para o planeta. No entanto, sua natureza binária permite ao DART testar e avaliar os efeitos de um impactador cinético”, ressaltou ela.

Neste sistema binário de asteroides, o objeto maior, Didymos A, tem cerca de 780 metros de diâmetro; o menor, Didymos B, tem 160 metros e às vezes é chamado de “Didymoon”. Ele orbita o asteroide maior a cada 11,92 horas. Quando o DART atinge o Didymos B a uma velocidade de 23.760 km/h, ele altera apenas a velocidade do asteroide apenas um pouco – cerca de um centímetro por segundo.

Em um único asteroide, talvez não consigamos detectar isso, mas no sistema Didymos espera-se que o impacto mude ligeiramente o período orbital. Em vez de 11,92 horas, o Didymos B pode levar mais alguns minutos para percorrer o Didymos A. Isso não parece muito, mas se pudermos interceptar um asteroide em rota de colisão cedo o suficiente, essa pequena mudança de velocidade poderá fazer toda a diferença.

O DART está programado para ser lançado em julho de 2021, com impacto em setembro de 2022. Um pequeno cubesat chamado LICIAcube se desprenderá da espaçonave pouco antes de tirar fotos do impacto para retornar à Terra. E telescópios aqui observarão posteriormente para ver se houve alguma mudança. [ScienceAlert]

Alexsandro Mota

Nordestino, um grande amante da astronomia e divulgador científico há quase uma década. Sou o criador do projeto Mistérios do Espaço e dedico meu tempo a tornar a astronomia mais acessível.