Estrelas

Foi registrada a imagem mais nítida da superfície de outra estrela

Os astrônomos registraram uma imagem incrível da superfície de outra estrela, revelando sua aparência em detalhes deslumbrantes e mostrando características notáveis no processo. A estrela que foi fotografada é uma velha gigante vermelha chamada Pi1 Gruis. Está localizada a 530 anos-luz da Terra, tornando esta imagem bastante deslumbrante. Nunca vimos uma estrela de forma tão clara como esta.

A imagem foi tirada por uma equipe internacional de astrônomos usando o Very Large Telescope (VLT), operado pelo ESO. Um instrumento chamado PIONIER no telescópio tornou a imagem possível, nos possibilitando vislumbrar a estrela em maiores detalhe do que nunca.

Imagem da estrela.
Imagem da estrela.

“Já tiramos algumas outras imagens de estrelas, mas nunca tão detalhadas como esta”, disse Claudia Paladini, do Observatório Europeu do Sul (ESO). Seu diâmetro é 700 vezes maior do que o nosso Sol e é mil vezes mais brilhante.

Esta é a primeira vez que vimos padrões de granulação em outra estrela na forma de grandes células convectivas – ou bolhas – na superfície. Cada célula vista na imagem é de aproximadamente 120 milhões de quilômetros, ou um quarto do tamanho da estrela. Isso é mais do que a distância do nosso Sol para Vênus. As células como essa do nosso Sol medem 1.500 quilômetros.

Pi1 Gruis possui apenas 1,5 vezes a massa do nosso Sol apesar de ser muito maior em tamanho. Tem como consequência uma gravidade da superfície muito menor, dando origem a estas grandes células convectivas. Ela também é integrante de um par de estrelas, sendo a outra Pi2 Gruis.

Esta não é a primeira vez que vimos uma estrela tão detalhada – Antares foi retratada em agosto de 2017 de forma impressionante. Mas esta é a primeira vez que vimos estes tipos de detalhes sobre uma estrela tão variável.

Pensa-se que Pi1 Gruis ficou sem hidrogênio cerca de 20.000 anos atrás, aquecendo até 100 milhões de graus à medida que cessava os primeiros estágios da fusão nuclear. Isso causou a fusão do hélio em átomos mais pesados, como o carbono e o oxigênio, criando um núcleo quente que expulsou suas camadas externas e aumentou seu tamanho.

“Há alguns bilhões de anos atrás, provavelmente parecia como nosso Sistema Solar parece hoje. As estrelas tinham seus planetas, talvez a vida”, disse Paladini. “É um olhar do futuro imaginando algo que aconteceu no passado”, concluiu. [IFLS]

Alexsandro Mota

Nordestino, um grande amante da astronomia e divulgador científico há quase uma década. Sou o criador do projeto Mistérios do Espaço e dedico meu tempo a tornar a astronomia mais acessível.