Urano, o primeiro planeta descoberto nos tempos modernos, tem o nome de um deus grego. Mas os astrônomos descobriram que a atmosfera superior de Urano é dominada pelo sulfeto de hidrogênio, uma molécula que cheira a ovos podres e é frequentemente encontrada na flatulência humana.
Já pensou em várias piadas, não é mesmo? Vamos então para a ciência. Essas observações, apresentadas na Nature Astronomy, têm um impacto além de Urano. Elas não apenas expandem nosso conhecimento da composição do planeta gigante de gelo, mas também fornecem pistas importantes sobre a formação do próprio Sistema Solar.
A composição das nuvens mais altas de Urano nunca foi inequivocamente identificada antes. Cientistas planetários puderam detectar sinais de amônia e sulfeto de hidrogênio, mas não havia evidências suficientes para determinar sua presença.
“Nós finalmente temos uma detecção mais definida do que as nuvens são feitas. Isso significa que, em Urano, e achamos que também provavelmente em Netuno, a abundância de enxofre é maior que a do nitrogênio”, disse o professor Patrick Irwin, da Universidade de Oxford.
Esta descoberta coloca uma forte restrição na formação de planetas. Onde Urano e Netuno estão localizados (mais de 18 vezes a distância Terra-Sol), possui tanto amônia quanto sulfeto de hidrogênio sólidos, então eles poderiam ter sido facilmente absorvidos por planetas novatos. Mas mais de perto, o sulfeto de hidrogênio é menos facilmente absorvido pelos planetas gigantes. E esse é um fator chave.
Isso sugere que os quatro planetas gigantes do Sistema Solar se formaram aproximadamente onde eles estão agora. Se eles migraram, eles não migraram muito. E eles definitivamente não trocaram de posição. A migração planetária é muitas vezes a chave para explicar objetos como Júpiteres quentes, planetas gigantes encontrados mais próximos de suas estrelas do que Mercúrio com o Sol.
As observações foram realizadas há quase uma década, mas faltavam aos pesquisadores uma extensa análise espectral do sulfeto de hidrogênio. Quando isso ficou disponível há alguns anos, a equipe voltou aos dados para procurar essas assinaturas químicas. [IFLS]