Noites muito escuras, longe de qualquer poluição luminosa, revelam estrelas bem fraquinhas a distâncias incrivelmente grandes. Na realidade, uma das estrelas individuais mais distantes que conseguimos ver está a mais de 3 mil anos-luz da Terra, mas quando você considera que boa parte das estrelas que temos no céu noturno estão a distâncias não muito distantes disso, percebemos como nossa visão ainda é capaz de detectar lugares tão longínquos da galáxia sem a ajuda de telescópios. Isso é só possível porque várias dessas estrelas são milhares de vezes mais brilhantes que o Sol e, considerando este fato, qual seria a distância máxima que poderíamos ver da nossa estrela na galáxia?
Experimente tentar, em uma noite bem escura, descobrir qual é o limite da visão. Para isso, tente localizar a estrela mais fraca do céu noturno e tente descobrir qual estrela se trata usando algum mapa do céu estelar. Depois, tente descobrir qual é essa estrela fraca e veja em qual escala está a magnitude dessa estrela. Bom, de qualquer forma, os nossos olhos não conseguem ir além de uma magnitude visual de 6, o que, na astronomia é um brilho muito fraco e somente céus lípidos longe de qualquer cidade pode proporcionar tal visão. De qualquer forma, existe um limite de visualização das estrelas e, das mais de 400 bilhões que certamente existem espalhadas pela galáxia, conseguimos diferenciar, no máximo, cerca de 8 mil estrelas individuais no céu noturno. E, bom, várias delas são estrelas muito distantes da Terra e temos estrelas que estão 4, 100, 600 ou mais de 3 mil anos-luz de distância do sistema solar.

Algumas delas são bem fracas, mas estão mais próximas e outras são bem mais fortes, mas estão mais distantes. Isso ocorre porque muitas dessas estrelas passam por processos termonucleares mais intensos e em maiores proporções do que outras estrelas. Para diferenciar essa medida de brilho vista da Terra e o brilho real do objeto, temos então duas escalas na astronomia: a magnitude aparente e a magnitude absoluta. Isso existe porque considerar somente o brilho da Terra não é preciso e não nos diz exatamente o quão brilhante o objeto é comparado a outros objetos no universo. Por exemplo, da Terra, o planeta Vênus parece mais brilhante do que qualquer estrela no céu. No entanto, Vênus é realmente muito menos brilhante do que as estrelas.
Pois bem, a magnitude absoluta se refere a natureza real da luz da estrela e como ela brilharia se fosse colocada em um padrão de 32,6 anos-luz de distância e, da mesma forma que a gravidade, a luz tende a perder força à medida que o objeto fica distante do observador. Por sua vez, a magnitude aparente é somente e simplesmente o brilho observado no céu terrestre, onde temos estrelas mais distantes que brilham mais do que estrelas mais próximas. Entender esses parâmetros é importante para também compreender o quão distante a luz do Sol poderia ser vista no espaço, pois precisamos considerar uma dessas escalas para chegar a uma conclusão.
Pois bem, em um dia ensolarado, a magnitude aparente do Sol chegar a atingir quase -27 e, se você não percebeu ainda, quanto menor o número nesta escala, mais brilho representará também. Mas vamos nos distanciando aos poucos. Na distância de Plutão, o Sol ainda seria brilhante mais do que qualquer outra estrela do céu noturno e proporciona uma iluminação semelhante às últimas horas do dia aqui na Terra. À distância de Proxima Centauri, o Sol seria tão brilhante quanto Procyon, a oitava estrela mais brilhante do nosso céu, o que representa uma magnitude visual de 0,4. Por outro lado, quando consideramos a magnitude absoluta do Sol, ela está em 4.7 na escala, ou seja, se pudéssemos ver o Sol a cerca de 32 anos-luz de distância, a estrela brilharia de maneira semelhante a algumas estrelas mais fraquinhas do céu noturno. Bom, mas ainda assim seria visível facilmente e não precisaríamos de um mapa celeste para localizá-lo ou telescópio. Porém, quando chegamos a 40 anos-luz de distância, as coisas começam a ficar complicadas e, sem uma visão aguçada, o Sol se perderia entre outras estrelas do céu. A 50 anos-luz, você precisaria de um céu perfeito para vê-lo, mas quando chegamos a exatos 58 anos-luz do sistema solar, a nossa estrela se apaga completamente e nem as visões mais treinadas conseguem vê-la a olho nu, pois a magnitude iria ultrapassar a escala de número 6 e estaria fora do alcance de visão do olho humano. Provavelmente precisaríamos de um mapa estelar altamente detalhado para localizá-lo.
Então, o que temos é o seguinte: o Sol é só visível com facilidade até cerca de 32 anos-luz de distância, mas à medida que vamos no distanciando, a luz perde força e deixa de ser visível a 58 anos-luz, o que representa mais de 520 trilhões de quilômetros em qualquer direção do espaço. De qualquer forma, a visada do Sol a olho nu é bem curta em termos de distâncias e com telescópios somos detectáveis a distâncias maiores. Na próxima vez que você observar o céu noturno, lembre-se como o Sol pode sequer ser visível num céu alienígena distante.