Buracos negros são famosos na ficção científica. Mas saindo dela, se você precisasse ver para acreditar, então agradeça ao Event Horizon Telescope (EHT), que acabou de publicar a primeira imagem direta de um buraco negro. Esse incrível feito exigiu colaboração global para transformar a Terra em um gigantesco telescópio para mostrar um objeto a milhares de trilhões de quilômetros de distância.

Por mais impressionante e inovador que seja, o EHT não é apenas um desafio, é um teste sem precedentes para saber se as ideias de Einstein sobre a própria natureza do espaço e do tempo se sustentam em circunstâncias extremas e se aproximam mais do que nunca do papel dos buracos negros no universo. Para encurtar a história: Einstein estava certo.
Um buraco negro é uma região do espaço cuja massa é tão grande e densa que nem a luz consegue escapar de sua atração gravitacional. Contra o pano de fundo escuro do espaço, ver um se torna uma tarefa quase impossível. Mas graças ao trabalho inovador de Stephen Hawking, sabemos que as massas colossais não são apenas abismos negros. Não só eles são capazes de emitir enormes jatos de plasma, mas sua imensa gravidade puxa fluxos de matéria para seu núcleo.
Quando a matéria se aproxima do horizonte de eventos de um buraco negro – o ponto no qual nem mesmo a luz pode escapar – ela forma um disco orbital. A matéria neste disco converterá parte de sua energia em fricção à medida que ela colide contra outras partículas da matéria. Isso aquece o disco, assim como aquecemos as mãos em um dia frio, esfregando-as juntas. A matéria mais próxima do horizonte de eventos brilha intensamente com o calor de centenas de sóis. É essa luz que o EHT detectou, junto com a “silhueta” do buraco negro.
Relatividade Geral
Einstein estava certo. Novamente. Sua teoria geral da relatividade passou em dois testes sérios das condições mais extremas do universo nos últimos anos. Desta vez, a teoria de Einstein previu as observações de buraco negro com precisão infalível e é aparentemente a descrição correta da natureza do espaço, tempo e gravidade.
A partir da imagem, os cientistas da EHT determinaram que o buraco negro da galáxia M87 é 6,5 bilhões de vezes a massa do Sol e 40 bilhões de quilômetros de diâmetro.
O buraco negro da Via Láctea era muito desafiador para uma imagem precisa desta vez devido à rápida variabilidade na saída de luz. Esperançosamente, mais telescópios serão adicionados à matriz do EHT em breve, para obter imagens cada vez mais claras desses objetos fascinantes. Não tenha dúvidas de que em um futuro próximo poderemos contemplar o coração de nossa própria galáxia. [ScienceAlert]