Astrofísica,Galáxias,Planetas

Um ano de James Webb: O que o telescópio espacial descobriu?

Neste próximo dia 12 de Julho de 2023, o Telescópio Espacial James Webb completa seu primeiro ano de operação oficial. Mas o que o telescópio espacial descobriu? Vamos listar suas principais descobertas e observações neste primeiro ano!

O Campo Profundo do James Webb

Créditos: NASA/ESA/JPL.

O James Webb enxergou 50 mil galáxias numa minúscula região do céu que parecia não ter nada. Os astrônomos deram até um apelido carinhoso para essa região chamado de Aglomerado de Pandora, já que abre novos horizontes para vermos um universo completamente desconhecido. A imagem foi potencializada por um dos fenômenos mais incríveis da natureza: as lentes gravitacionais.

O aglomerado em si está no meio, enquanto nos cantos estão centenas de galáxias aparecendo como arcos de luz. Para fazer tal imagem, o James Webb teve que realizar exposições de 4 a 6 horas, totalizando cerca de 30 horas de tempo de observação.

Os Pilares da Criação

Os Pilares da Criação estão dentro de um complexo de gás gigantesca conhecido como a Nebulosa da Águia, a uma distância que pode variar de 6500 até 7500 anos-luz de distância do nosso planeta. E o James Webb revela a região de forma ainda mais incrível.

Créditos: NASA/ESA/CSA

De acordo com a NASA, o registro é uma atualização e agora ajudará os pesquisadores a reformular seus modelos de formação de estrelas, identificando contagens muito mais precisas das estrelas recém-formadas por lá, juntamente com uma noção bem melhor sobre a quantidade de gás e poeira na região.

A estrela WR140

Essa estrela que foi observada pelo James Webb é conhecida como WR 140 e está localizada a mais de 5 mil anos-luz do sistema solar. A ideia era usar o poderoso telescópio espacial para entender a sua dinâmica, já que ela está passando um estágio muito específico de uma estrela gigante.

Créditos: NASA/ESA/CSA

Neste caso da WR 140, estamos falando de uma estrela dupla que está jogando para o espaço as suas camadas interiores e criando belíssimos anéis de poeira num padrão incrível. Na imagem, podemos ver 17 anéis de poeira emanando do centro e, de acordo com a NASA, cada anel foi criado quando as duas estrelas se aproximaram e seus ventos estelares baseados em fluxos de gás que sopram no espaço se encontraram, comprimindo o gás e formando cada anel.

Galáxias “impossíveis”

A descoberta de seis galáxias pelo Webb desafiou os modelos cosmológicos atuais. Essas galáxias, que surgiram entre 500 e 700 milhões de anos após o Big Bang, são mais antigas do que a população esperada de estrelas puramente compostas por hidrogênio e hélio. Além disso, elas parecem ser muito maiores e conter estrelas com elementos pesados, contrariando as expectativas.

Essas descobertas geram questionamentos sobre a precisão das medições ou se há necessidade de revisar o modelo atual da cosmologia. No entanto, elas não refutam a teoria do Big Bang, uma vez que existem outras evidências fortes, como a expansão do universo.

Pode ser que esses objetos sejam algo ainda desconhecido ou que o cálculo de suas idades esteja equivocado. Esse contexto revela a natureza em constante evolução da ciência, na qual hipóteses são contestadas, ideias são confrontadas e novas evidências são buscadas para avançar nosso conhecimento sobre o universo.

Asteroides em estrela distante

Créditos: NASA/ESA/CSA

O James Webb usou seu poder óptico e de resolução para entregar uma imagem em infravermelho mais nítida já registrada de um disco de detritos ao redor da estrela Fomalhaut.

No total, foram identificados três cinturões alinhados que se estendem a 23 bilhões de quilômetros da estrela, o que corresponde a 150 vezes a distância da Terra ao Sol. O cinturão mais externo possui escala aproximadamente duas vezes maior do que o Cinturão de Kuiper do nosso sistema solar. Além disso, o Telescópio James Webb também revelou pela primeira vez faixas internas nunca antes vistas por lá, nem mesmo em imagens como as do Hubble.

O planeta Saturno

Saturno é o sexto planeta na ordem do sistema solar, o único a ter anéis facilmente visíveis e um sistema de luas formidável. Registrada no dia 25 de junho deste ano de 2023, o James Webb capturou uma visão interessante de Saturno, revelando o planeta, os anéis e alguns satélites principais.

Créditos: NASA/ESA/CSA

Neste comprimento de onda observado pelo telescópio, Saturno em si parece escuro, devido à absorção quase total da luz solar pela atmosfera, onde em altas altitudes o gás metano reina e faz esse papel. No entanto, os anéis de gelo permanecem surpreendentemente brilhantes, resultando em uma imagem exótica do planeta. A imagem faz parte de uma série de exposições profundas de Saturno, planejadas especificamente para testar a capacidade do telescópio em detectar luas fracas ao redor do planeta e seus anéis.

De qualquer forma, esse primeiro ano do telescópio espacial James Webb revelou uma série de cenários intrigantes e desafiadores para os astrônomos. A importância do James Webb reside não apenas em sua capacidade de capturar imagens deslumbrantes do cosmos, mas também em sua capacidade de ver onde não conseguíamos antes.

Alexsandro Mota

Nordestino, um grande amante da astronomia e divulgador científico há quase uma década. Sou o criador do projeto Mistérios do Espaço e dedico meu tempo a tornar a astronomia mais acessível.