Parece haver algo grande à espreita nos confins do Sistema Solar, mexendo com as órbitas de algumas das rochas do Cinturão de Kuiper, passando por Netuno. Alguns astrônomos acreditam que é um planeta, cerca de cinco vezes a massa da Terra. Eles chamam de Planeta Nove.

Mas encontrar esse potencial planeta não é tão simples. A partir daqui, pareceria extremamente pequeno e fraco, e nem sabemos para onde devemos olhar. Os astrônomos estão pesquisando (e encontrando outras coisas realmente legais no processo), mas é um trabalho lento e meticuloso. De acordo com um novo artigo, no entanto, poderia haver outra maneira: o uso da espaçonave Transess Exoplanet Survey Satellite da NASA (TESS). E é possível que o planeta já tenha sido observado e está oculto nos dados do TESS.
A finalidade do TESS é procura exoplanetas usando o método de trânsito. Ele olha fixamente para seções do céu por longos períodos, procurando obscurecimentos fracos e regulares na luz das estrelas, causados por planetas orbitando entre nós e a ela (o que é conhecido como trânsito).
No caso do Planeta Nove, seria impossível detectar seu trânsito, porque não passaria entre o TESS e o Sol. E uma única exposição não revelaria um objeto tão fraco quanto o potencial planeta. No entanto, a maneira como o TESS olha fixamente para seções do céu por longos períodos pode ser combinada com uma técnica de astronomia chamada rastreamento digital.
Para revelar essas variação no brilho das estrelas, o TESS tira muitas fotos de um campo de visão. Se você empilhar essas imagens, os objetos fracos podem se tornar muito mais brilhantes, revelando objetos que, de outra forma, seriam ocultos. Como o Planeta Nove é um objeto em movimento, apenas empilhar as imagens não revelaria necessariamente o planeta. É aqui que tudo fica complicando, pois você precisa adivinhar um pouco para calcular uma órbita estimada do objeto e mudar as observações para o centro dessa posição estimada – e, assim, empilhar as imagens.
“Para descobrir novos objetos, com trajetórias desconhecidas”, escreveram os pesquisadores em seu artigo, “podemos tentar todas as órbitas possíveis”. Apenas alimente suas imagens e correções de órbita em um programa de software e aguarde os resultados. Parece uma abordagem complicada, mas pode realmente funcionar. Por exemplo, o rastreamento digital com o Telescópio Espacial Hubble foi usado para descobrir vários objetos além de Netuno.
A próxima pergunta é se o TESS é poderoso o suficiente para detectar o planeta tão fraco em brilho. Mas há uma maneira de testar isso também. Os modelos sugeriram que o Planeta Nove tem uma magnitude aparente – ou seja, o brilho do objeto visto da Terra – entre 19 e 24. Considerando que quanto maior o número da magnitude, menos brilhante um objeto celeste é, existem alguns objetos trans-netunianos em órbita que têm magnitudes aparentes dentro desse intervalo – Sedna (20,5 a 20,8), 2015 BP519 (21.5) e 2015 BM518 (21.6).

Então, a equipe usou a técnica de rastreamento digital para achar cada um desses três objetos, e os três apareceram claros em baixa resolução, mas ainda identificáveis. Você pode vê-los na imagem acima: Da esquerda, Sedna, 2015 BP519 e 2015 BP518. As imagens foram mostradas em negativo para facilitar a visualização dos objetos.
Hipoteticamente, o TESS deve ser capaz de ver qualquer objeto em torno dessas magnitudes. O que significa, disseram os pesquisadores, que também deve ser capaz de ver o Planeta Nove. Pode até já estar lá nos dados, mas ainda não o encontramos. [ScienceAlert]