Astrofísica

Raios cósmicos estão danificando gravemente nossos celulares

Sob o campo magnético protetor da Terra, nós não precisamos nos preocupar com os efeitos da radiação cósmica na nossa saúde – embora seja algo que pode impactar astronautas no espaço e até mesmo passageiros que viajam nos aviões.

Mas o mesmo não pode ser dito para os nossos sistemas tecnológicos – tempestades solares podem causar estragos nas redes de comunicação da Terra e novas pesquisas mostram que mesmo níveis comuns de radiação cósmica podem ter um efeito perturbador em nossos dispositivos pessoais.

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“Este é um problema realmente grande, mas é na maior parte invisível ao público”, diz o engenheiro elétrico Bharat Bhuva, da Universidade de Vanderbilt. Para ver o quão grande é o problema, Bhuva e sua equipe levaram chips de 16 nanômetros – do tipo usado em muitos dos PCs de hoje – e os expuseram a um feixe de nêutrons, numa tentativa de replicar o que acontece quando a radiação cósmica penetra na nossa atmosfera.

Quando os raios cósmicos colidem com o campo magnético da Terra, eles criam cascatas de partículas secundárias – incluindo nêutrons energéticos, muons e pions. Milhões dessas partículas atingem nossos corpos a cada segundo, e enquanto eles não possuem qualquer efeito sobre a nossa saúde, eles podem interferir gravemente em circuitos microeletrônicos.

Em particular, quando interagem com circuitos integrados, eles podem realmente alterar ou “inverter” bits individuais de dados armazenados na memória. Na maioria das vezes, tal evento provavelmente não criaria muitos problemas. Um aplicativo em execução no smartphone ou no PC pode causar algum erro, fazendo um erro de cálculo, mas não é algo que você notará por mais de um momento.

Para você ter uma ideia, em 2008 um sistema de um avião a jato não funcionou devido a uma suspeita de que esse fenômeno tenha ocorrido, forçando a aeronave a um mergulho que feriu cerca de um terço dos passageiros a bordo.

Então, qual é a solução? Infelizmente, a blindagem dos chips não é uma opção, já que seria preciso mais de 3 metros de concreto para evitar que eles sejam atingidos. De acordo com Bhuva, os fabricantes de dispositivos deviam projetar sistemas que incluem três processadores em vez de um. Em casos raros, onde dois deles parem de funcionar, o terceiro pode suprir o sistema.

Os resultados da pesquisa foram apresentados na reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Boston na última sexta-feira. [ScienceAlert]

Alexsandro Mota

Nordestino, um grande amante da astronomia e divulgador científico há quase uma década. Sou o criador do projeto Mistérios do Espaço e dedico meu tempo a tornar a astronomia mais acessível.