Astrofísica

Quando olhamos para o céu, estamos olhando para o passado

É isso mesmo que você leu no título, olhar o céu é viajar no tempo. No universo há milhares de estrelas, planetas e luas e outras infinidades de astros. Estes objetos estão a distâncias inimagináveis, que obviamente nossa mente não consegue processá-las. E para você ter uma ideia, nem mesmo a imagem da Lua no céu é “ao vivo”, pois a luz refletida nela demora cerca de 1 segundo para chegar aqui na Terra.

estrelas

É nesse ponto que queríamos chegar: o tempo. A medida anos-luz é usada na astronomia para determinar distâncias entre astros, pois usar medidas comuns seria inviável pela quantidade de números que teríamos. Por exemplo, apenas 1 ano-luz seria equivalente a 9.460.730.472.580,8 km (9 trilhões aproximadamente). Dessa forma, a luz com uma velocidade de 300 mil km/s no vácuo, demoraria um ano para percorrer toda essa quilometragem, mesmo sendo a coisa mais rápida do universo.

Cada estrela que você no céu está a algumas dezenas ou milhares de anos-luz de distância da Terra. A estrela Sirius, a mais brilhante do céu noturno, está localizada a 8 anos-luz do nosso planeta, e isso quer dizer que sua luz leva 8 anos para sair de lá e vir até aqui. Portanto, a imagem que vemos dela atualmente é passado, ou seja, emitida 8 anos atrás.

Vamos ainda mais longe? As estrelas da constelação de Órion, mais precisamente do cinturão – chamado de As Três Marias no Brasil – são Mintaka, Alnitak e Alnilam. Todas elas estão a mais de 800 anos-luz da Terra, isso é, quando os fótons (partículas de luz) de luz que saíram das estrelas chegaram aos seus olhos hoje, nem o Brasil tinha sido ainda encontrado pelos portugueses. A partícula de luz teve que viajar por todo o espaço para chegar até aqui – e isso ainda é perto, considerando que existem objetos a milhões ou bilhões de anos-luz do nosso planeta.

Mas que história é essa da Lua não ser ao vivo? Nosso satélite natural se encontra a cerca de 380 mil km da Terra, da mesma forma, a luz viajando a 300 mil km por segundo, e assim, para um fóton ser refletido e sair da superfície lunar e chegar até aqui, ele tem que percorrer essa distância que equivale a quase sua velocidade por segundo. A mesma coisa vale para o Sol, Júpiter, Saturno, Marte ou qualquer outro astro que vemos no céu noturno. O Sol, por exemplo, a luz demora 8 minutos para chegar aqui.

Na próxima vez que você olhar para o céu noturno ou para o nosso Sol mesmo, lembre-se que estamos vendo uma imagem com delay, ou melhor dizendo, estamos vendo o passado.

Alexsandro Mota

Nordestino, um grande amante da astronomia e divulgador científico há quase uma década. Sou o criador do projeto Mistérios do Espaço e dedico meu tempo a tornar a astronomia mais acessível.