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Pesquisadores brasileiros descobrem duas novas chuvas de meteoros

Durante o ano temos várias chuvas de meteoros, mas nenhuma delas foi descoberta por brasileiros. Mas agora, em uma conquista histórica para a ciência nacional, uma equipe de astrônomos amadores da BRAMON (Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros) descobriu dois novos radiantes – regiões onde aparentemente os meteoros das chuvas saem.

A Terra em sua trajetória ao redor do Sol, às vezes se encontra com detritos vagando pelo espaço, deixados anteriormente por algum cometa ou asteroide. Quando esses detritos entram em nossa atmosfera, eles queimam e produzem um brilho que pode ser vistos durante a noite. Utilizando câmeras espalhadas pelo país, que monitoram o céu noturno, esses astrônomos conseguiram determinar duas novas chuvas de meteoros baseado nesses meteoros que entram em nossa atmosfera.

Chamadas de Epsilon Gruids (EGR) e August Caelids (ACD), ambas foram oficialmente incluídas na lista geral de chuvas de meteoros do Meteor Data Center – órgão ligado à União Astronômica Internacional. E claro, essa é a primeira vez que brasileiros conseguem esse feito.

Composição das órbitas dos meteoros do radiante August Caelids.
Composição das órbitas dos meteoros do radiante August Caelids.

A BRAMON, rede que os astrônomos fazem parte, atualmente conta com 82 estações de monitoramento, distribuídas em 19 estados brasileiros. E com imenso orgulho, nós da Mistérios do Espaço também fazemos parte dessa equipe, com nossa estação localizada em Conceição do Coité, na Bahia, onde atuamos desde fevereiro deste ano.

Para conseguir tal descoberta, a equipe trabalhou por 3 anos em cima de capturas. “Foram centenas de cálculos, envolvendo milhares de meteoros. Foram dezenas de leituras de artigos para o entendimento dos cálculos, ferramentas matemáticas tiveram que ser totalmente desenvolvidas para facilitar o trabalho. Foi um mês de trabalho dedicado. E para a alegria de todos, não só foi possível validar o primeiro grupo descoberto como acabei encontrando um segundo grupo válido”, disse Lauriston Trindade, pesquisador e membro da BRAMON.

Composição com as órbitas do radiante Epsilon Gruids.
Composição com as órbitas do radiante Epsilon Gruids.

Quando os registros dos meteoros completaram os 3 anos, os pesquisadores Carlos Di Pietro (São Paulo – SP) e Marcelo Zurita (João Pessoa – PB), iniciaram as análises e perceberam que alguns meteoros pareciam sair de uma única região no céu. Poderia ser uma nova chuva de meteoros, mas confirmar isso é muito mais difícil do que você imagina. No final de janeiro de 2017, outro integrante da BRAMON, Lauriston Trindade (Maranguape – CE), integrou-se ao grupo de pesquisa com objetivo de fazer cálculos, como ele conta logo acima.

Ao total foram foram determinadas 4205 órbitas. Sendo que grande maioria de meteoros já eram de chuvas catalogadas. Outros, pareciam apenas vir de pontos aleatórios do céu. E foi no último dia 9 de março que as duas novas chuvas descobertas pela BRAMON foram incluídas na lista oficial da União Astronômica Internacional – IAU.

Esse é um momento incrível e histórico para a ciência nacional, algo nunca antes descoberto por brasileiros, agora virou realidade. Se você quiser acompanhar os meteoros capturados por nossa estação BRAMON MDE1/BA, só curtir nossa página no Facebook.

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Exemplo de meteoro capturado em uma das novas chuvas.

Para quem pretende observá-las, o pico da chuva Epsilon Gruids ocorre no dia 11 de junho, na Constelação do Grou e da August Caelids, ocorre no dia 5 de agosto, na Constelação do Cinzel. Descobertas como esta só mostram como nosso país tem potencial para fazer ciência de qualidade e o poder de uma rede de pesquisa voluntária e colaborativa.

Alexsandro Mota

Nordestino, um grande amante da astronomia e divulgador científico há quase uma década. Sou o criador do projeto Mistérios do Espaço e dedico meu tempo a tornar a astronomia mais acessível.