A mesma força que nos prende ao chão é responsável pela existência de estrelas, dos buracos negros e por transformar completamente o universo. Aproximando-se de um objeto massivo, o tempo corre diferente, devido à influência da gravidade e é em Mercúrio que o tempo está passando mais devagar em relação a outros objetos do sistema solar.
Muitas vezes, chamamos a gravidade de força, mas na realidade, ela é apenas consequência da deformação do espaço, e podemos frequentemente observar isso na prática ocorrendo com a luz. No espaço profundo, grandes aglomerados de galáxias deixam o efeito ainda mais visível, já que a massa de centenas de galáxias juntas produz um campo gravitacional mais poderoso, criando o que os astrônomos chamam de lente gravitacional.

De fato, o que chama a atenção é que a gravidade é capaz de realizar tudo isso no espaço, mas o mais estranho é que o tempo também pode ser afetado assim como a luz sofre com isso. Na astrofísica, o fenômeno é conhecido como dilatação do tempo, quando dois eventos em diferentes distâncias de um objetivo massivo sofrem uma alteração temporal.
A ideia é que quanto mais próximo o relógio está da fonte de gravidade, mais lento o tempo passa, acelerando conforme o relógio se afasta da fonte de gravidade. Albert Einstein previu esse efeito em sua teoria da relatividade e desde então foi confirmado por testes de relatividade geral em vários sentidos.
Sendo assim, podemos afirmar corretamente que o tempo passa de forma diferente de acordo com a distância que alguns planetas estão do Sol, e em Mercúrio, o relógio corre um pouco mais devagar do que na Terra.
O quão diferente o relógio correu por lá até hoje?
Bom, a diferença não é tão gigantesca quanto se imagina, mas a proximidade de Mercúrio com o Sol faria o relógio correr algumas décadas mais lentamente do que na Terra, algo próximo de 30 ou 40 anos de diferença.
No entanto, vamos considerar que Mercúrio está localizado a mais de 50 milhões de quilômetros do Sol e o campo gravitacional da estrela fica um pouco mais fraco. Por isso, a maior dilatação temporal que poderíamos ter acesso no sistema solar é na superfície solar. A massa gigantesca da estrela faria relógios colocados na superfície funcionarem mais devagar 6 segundos por ano em comparação com relógios no espaço profundo.
Sendo assim, considerando que a idade do Sistema Solar é de cerca de 4,5 bilhões de anos, a diferença no tempo medido na superfície do Sol e no tempo medido em uma distância muito grande, como no espaço profundo, seria de aproximadamente 850 anos. Agora temos um número mais relevante, mas ainda assim, é apenas um arranhão dentro dos 4,5 bilhões de anos de história do nosso sistema.
Há quem já até calculou a diferença de idade da superfície ao nível do mar com o topo do Everest e pasmem: a dilatação temporal ao longo de 4,5 bilhões de anos fez o topo do Everest ser 39 horas mais jovem do que o restante da Terra.
Tempo, espaço e gravidade estão profundamente interligados. Em escalas gigantescas, podemos observar como a gravidade é capaz de desviar a luz, distorcer o tempo e deformar o próprio espaço. É verdadeiramente incrível!