Planetas

O que a NASA encontrou quando cavou em Marte?

Marte se tornou um planeta desértico por conta de uma série de fatores que acabaram com sua atmosfera e campo magnético num passado distante, mas o que podemos afirmar é que a história desse nosso vizinho interplanetário está marcada em suas rochas mais antigas. Aqui da Terra, não podemos fazer muita coisa quimicamente falando, mas ao enviar robô para lá conseguimos obter resultados incríveis sobre a geologia marciana. O rover Curiosity, por exemplo, já conseguiu fazer análises bem precisas dessas rochas e, nesse processo, acabou descobrindo muita coisa legal sobre o subsolo marciano.

Lançado em 2011, o rover Curiosity persiste até hoje na superfície de Marte e, graças a ele, entendemos como nunca o nosso vizinho avermelhado. Hoje em dia, existem evidências claras na superfície marciana que ele já foi um planeta úmido, tanto pelos aparentes canais de água fotografados por lá e rochas que parecem ter sido moldadas pela passagem de água corrente na superfície e, o mais legal é que água é automaticamente sinônimo de vida como a conhecemos, então Marte acaba sendo uma aposta muito boa nessa busca por qualquer microorganismo que já tenha se desenvolvido fora do ambiente terrestre, apesar de olharmos Marte hoje e nos depararmos com um planeta nada hospitaleiro. Porém, chegar ao planeta vermelho e deduzir qualquer coisa sobre seu passado não é tão simples quanto parece e, por isso, que o Curiosity é um verdadeiro laboratório que anda.

Créditos: NASA/JPL

Nessa jornada pela superfície de Marte, o Curiosity já se deslocou incríveis 28 quilômetros a partir do local de pouso, o que pode parecer pouco, mas a realidade é que não existe necessidade de altas velocidades no terreno marciano, pois o rover tem que parar o tempo todo para fazer as análises e registrar as fotos incríveis que vemos por lá, até porque o terreno marciano é cheio de irregularidades e toda cautela é pouca quando você está movendo um rover tão distante e fora de qualquer chance de manutenção direta. Mas agora que já entendemos o quão incrível é esse robozinho, existe um instrumento especial nele que foi responsável por cavar a superfície marciana e mostrar o que existe embaixo daquele solo arenoso. E o que a NASA achou por lá foi simplesmente incrível e revelador.

O nome desse instrumento é representado pela sigla SAM, ou Análise de Amostra em Marte e, como o próprio nome já diz, é o instrumento responsável por estudar as rochas perfuradas pelo Curiosity. Primeiramente, existe uma broca no braço do robô que perfura e coleta o pó que sai no momento em que um eixo gira em contato com a rocha. Esse pó é coletado e passa para um reservatório do instrumento SAM. Mas antes da análise ser feita, o rover faz um pequeno buraco na superfície e revela uma das coisas mais impressionantes do planeta: a mudança de coloração da superfície. Afinal, Marte hoje é um planeta vermelho considerando a oxidação do ferro do material da superfície pelo oxigênio, que ocorreu em algum momento de sua história. Porém, abaixo da superfície Marte mais parece a Lua do qualquer outra coisa, pois a camada de ferrugem é fina e bastou o Curiosity cavar cerca de 6 centímetros para encontrar a verdadeira coloração do planeta. Sim, se Marte não tivesse tido uma atmosfera e fosse um corpo celeste inerte, ele seria então igual à Lua no quesito de coloração.

(Créditos: NASA/JPL

Nesse material acinzentado, o rover encontrou aquilo que vemos na Terra, ou seja, silício, uma grande quantidade de ferro, magnésio, alumínio, cálcio e potássio. Mas as análises em si não acabam por aqui e, o instrumento SAM, foi capaz de fazer medições do subsolo que impressionaram os cientistas. Quando o braço coleta o pó que sai da rocha, ele leva até o compartimento e a rocha desce até um instrumento a laser, onde o feixe vaporiza o material e um espectrômetro faz o trabalho de identificar o que existe preso na rocha. No momento das escavações, o Curiosity também chegou a detectar níveis de metano mais altos do que já tinha sido observado na superfície, sugerindo que algo pode ter acontecido geologicamente ou, na melhor das hipóteses, biologicamente em Marte.

De qualquer forma, esse é o subsolo de Marte. Um material totalmente diferente da superfície, mas que pode guardar respostas para grandes questões sobre o planeta. Se você nunca tinha visto como é a parte de dentro do planeta vermelho, pelo menos nos centímetros iniciais da superfície, agora você sabe como é.


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Alexsandro Mota

Nordestino, um grande amante da astronomia e divulgador científico há quase uma década. Sou o criador do projeto Mistérios do Espaço e dedico meu tempo a tornar a astronomia mais acessível.