Oito poderosos telescópios aqui na Terra capturaram a primeira imagem da história de um buraco negro a cerca de 54 milhões de anos-luz de distância, no que tem sido considerada uma das maiores descobertas científicas do nosso tempo. Agora, o evento celestial tem um nome, e digamos que é tão épico quanto os cientistas que o descobriram.

A primeira imagem de um buraco negro. (Créditos: EHT)
O nome dado foi Pōwehi, que significa “embelezada fonte negra de criação sem fim”.
Os astrônomos colaboraram com o professor de línguas Larry Kimura, que nomeou o buraco negro a partir de um termo havaiano chamado Kumulipo, cujo registro escrito mais antigo vem de um documento do século XVIII descrevendo a criação do universo.
“Kumulipo também consiste em duas palavras: kumu significa a fonte e lipo significa escuridão. Então, literalmente, a fonte das trevas”, disse Kimura. “Pōwehi consiste em duas palavras, pō e wehi. Essa pequena palavra, pō, tem um significado muito profundo, basicamente a escuridão que é muito poderosa e é infinita em seu poder de criação”, acrescentou.
Ele ainda diz que pō significa a escuridão onde o universo é criado enquanto wehi, ou wehiwehi, significa honrado com embelezamentos.
Dois dos oito telescópios que foram usados para identificar Pōwehi estão localizados no topo de Maunakea, na ilha do Havaí. Os astrônomos concordaram que, como tal, um nome havaiano seria adequado.
“Maunakea torna essa descoberta e a imagem espetacular de Pōwehi possível”, disse Jessica Dempsey, vice-diretora do Telescópio James Clerk Maxwell (JCMT), no Havaí e é uma dos mais de 200 cientistas que trabalharam para capturar a imagem.
Em abril de 2017, estes oito telescópios em seis locais em todo o mundo – em conjunto conhecido como o (Event Horizon Telescope – EHT ) – apontaram em direção ao centro da Messier 87, uma galáxia no aglomerado de galáxias de Virgem, em um esforço para gerar a imagem da sombra do horizonte de eventos de um buraco negro supermassivo. Nos dois anos que se seguiram, astrônomos e astrofísicos juntaram dados capturados para criar a imagem de Pōwehi, que não é diretamente do buraco negro em si, mas de sua sombra.
Buracos negros criam um campo de gravidade tão forte que nada, incluindo a luz visível, pode escapar deles. A imagem mostra o horizonte de eventos do buraco negro – um redemoinho de poeira, estrelas, gás e luz que circunda a borda do buraco antes de ser sugado. [IFLS]
Divulgador científico há pelo menos 6 anos, dedica seu tempo a tornar a astronomia mais popular entre o público leigo, constantemente traduzindo, escrevendo e adaptando matérias com abordagem didática para o projeto Mistérios do Espaço. É natural da cidade de Conceição do Coité e está graduando em Comunicação Social, pela Universidade do Estado da Bahia.