Planetas

NASA está enviando esperma para o espaço

O espaço faz algumas coisas estranhas ao corpo humano. Os astronautas ficam mais altos, os músculos se atrofiam e os ossos perdem sua densidade e força. Pouco se sabe sobre a biologia da reprodução humana no espaço, e a NASA diz que sua última missão visa mudar isso.

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Lançada no início do mês na nave de carga Dragon da SpaceX, a missão Micro-11 enviou esperma humano para a Estação Espacial Internacional (ISS) para ver como a falta de peso afeta os espermatozoides.

“Não sabemos ainda como o voo espacial de longa duração afeta a saúde reprodutiva humana, e essa pesquisa seria o primeiro passo para entender a viabilidade potencial da reprodução em condições de gravidade reduzida”, disse a NASA.

Não é a primeira vez que os cientistas se propõem a ver isso. Em 1988, o pesquisador alemão U Englemann enviou espermatozoides em órbita a bordo de um foguete da Agência Espacial Europeia e descobriu que a gravidade afetava sua motilidade (movimento).

O processo de fertilização começa com uma reação química chamada fosforilação, quando uma enzima altera o funcionamento de uma proteína dentro de uma célula e permite que a atividade aconteça. Neste caso, as caudas dos espermatozoides movem-se para a frente. Na Terra, o movimento da cauda para quando uma segunda enzima chamada fosfatase entra em ação, mas na microgravidade, as segundas enzimas não funcionam da mesma forma.

Como a gravidade faz com que cada objeto atraia todos os outros objetos, pesquisas anteriores sobre microgravidade – às vezes chamadas de ausência de peso ou gravidade zero – mostraram que a gravidade em excesso ou insuficiente pode alterar o comportamento de um espermatozoide.

Uma vez a bordo, as amostras serão descongeladas e adicionadas a uma mistura química que ativará a reação. Os astronautas podem então deduzir se algum comportamento estranho registrado é resultado de algo incomum na amostra de esperma, ou se é realmente um efeito da microgravidade.

As amostras serão então misturadas com conservantes e enviadas de volta à Terra. Aqui, os cientistas verão se os “passos necessários para a fusão ocorreram e se as amostras do espaço diferem daquelas ativadas no solo”. [IFLS]

Alexsandro Mota

Nordestino, um grande amante da astronomia e divulgador científico há quase uma década. Sou o criador do projeto Mistérios do Espaço e dedico meu tempo a tornar a astronomia mais acessível.