Esse é um grande quebra-cabeça que vem deixando cientistas curiosos há mais de duas décadas – se algo emitir raios-X, vai ficar muito quente. Mas cometas? São bolas de gelo e rocha, ainda assim emitem raios-X. Foi complicado, mas os pesquisadores acham que finalmente descobriram o porquê.
A descoberta de que os cometas emitem raios-X é relativamente recente. Foi observado pela primeira vez em 1996, quando a nave espacial ROSAT detectou raios-X perto do cometa Hyakutake. Esta observação têm sido atribuída a algo chamado ‘troca de carga’ – quando fortes íons vindos do Sol carregados positivamente atraíram elétrons negativamente carregados do gás neutro que circunda o cometa.
Mais tarde, ao observar o cometa LINEAR em 2000, o observatório de raios-X da Chandra da NASA detectou um forte sinal de raio-X de átomos de nitrogênio e oxigênio que perderam a maioria de seus elétrons.
Característica para esta radiação de raios-X é que ela é gerada no lado do cometa de frente para o Sol, onde a interação entre o vento solar e a atmosfera cometária cria um choque. E cresce muito mais fraco quando o cometa se afasta do Sol, desaparecendo inteiramente a grandes distâncias.
Mas, de acordo com uma nova pesquisa este modelo de troca não é perfeito. É um pouco mais complexo, porém, tudo a ver com algo chamado Bremsstrahlung, ou “radiação de travagem”, o nome da radiação eletromagnética que ocorre quando uma partícula carregada acelera ou desacelera depois de passar pelo campo elétrico de outra partícula carregada.
Se a energia desse encontro for suficientemente alta, as partículas emitem raios-X. É uma situação muito geral na astrofísica que ocorre não apenas em cometas, mas também em magnetosferas planetárias, como a nossa própria Terra.
O objetivo da equipe de pesquisa foi investigar como essas partículas energéticas são produzidas em choques sem colisão, um tipo de ondas de choque que não são produzidas por colisões de partículas, mas ondas de plasma. [ScienceAlert]
Nordestino arretado, um grande amante da astronomia e divulgador científico há quase uma década. Sou o criador do projeto Mistérios do Espaço e dedico meu tempo a tornar a astronomia mais acessível.