Na semana passada, o escurecimento extremo da supergigante vermelha a tirou das 20 estrelas mais brilhantes do céu noturno. No entanto, houve ainda piores notícias para a estrela, pois novos dados mostram que Betelgeuse atingiu seu ponto mais escuro em 125 anos, com apenas 37% do brilho habitual.

O brilho de Betelgeuse continua caindo. (Créditos: AAVSO)
Essas medidas mais recentes da Associação Americana de Observadores de Estrelas Variáveis (AAVSO) somam os últimos dois meses de observações que documentaram esse escurecimento impressionante.
Betelgeuse pode ser encontrada a aproximadamente 643 anos-luz de distância, na constelação de Órion. Ela possui cerca de 11 vezes a massa do nosso Sol, mas tem um raio quase 900 vezes maior (626 milhões de quilômetros). Para colocar isso em perspectiva, se o Sol fosse substituído por Betelgeuse, ele se estenderia à órbita de Júpiter, engolindo completamente a Terra.
De acordo com dados anunciados no The Astronomer’s Telegram, seu raio aumentou 9% desde setembro de 2019, enquanto sua luminosidade diminuiu quase 25%, embora sua taxa de escurecimento pareça diminuir.
Então, qual é a causa do escurecimento de Betelgeuse? Bem, ainda permanece um mistério para os astrônomos. Períodos de escurecimento e brilho não são incomuns para Betelgeuse, pois é uma estrela variável semi-regular. Seu brilho oscila em vários comprimentos de ciclo com duração de cerca de 420 dias, outro por cerca de cinco ou seis anos e um terceiro período mais curto entre 100 e 180 dias.
Os astrônomos acreditam que o escurecimento atual de Betelgeuse poderia ser apenas uma versão mais forte do ciclo de 420 dias. Com o mínimo previsto deste período previsto para acontecer em breve, se Betelgeuse continuar a diminuir, outras explicações deverão ser consideradas.
O brilho de Betelgeuse não é a única variável da estrela. Imagens de sua superfície mostram que é irregular, e à medida que o combustível é “queimado“, a massa da estrela diminui, enfraquecendo a força gravitacional de suas bordas externas. Isso permite que o gás e a poeira sejam expelidos para o espaço, o que poderia estar obscurecendo nossa visão da estrela e causando o escurecimento observado.
Betelgeuse também está chegando ao fim de sua vida aos 8,5 milhões de anos de idade, tendo deixado sua fase principal de sequência (onde está o nosso Sol) cerca de 1 milhão de anos atrás. O resultado inevitável da estrela será uma supernova, e alguns pensam que esse escurecimento é um indicador de que essa enorme explosão está chegando.
Um estudo previu que a vida restante da estrela é de 100.000 anos, um “piscar de olhos” para os padrões astronômicos. Quando Betelgeuse for supernova, será o terceiro objeto mais brilhante do céu, depois do Sol e da Lua cheia. Mas algumas estimativas dizem que será ainda mais brilhante que a Lua. Quando exatamente tudo isso vai acontecer, ninguém sabe a certo. Continue observando-a! [IFLS]
Divulgador científico há pelo menos 6 anos, dedica seu tempo a tornar a astronomia mais popular entre o público leigo, constantemente traduzindo, escrevendo e adaptando matérias com abordagem didática para o projeto Mistérios do Espaço. É natural da cidade de Conceição do Coité e está graduando em Comunicação Social, pela Universidade do Estado da Bahia.