Mais uma vez, os cientistas examinaram uma das estrelas mais estranhas do céu para entender suas flutuações de luz. As últimas observações da KIC 8462852, também conhecida como estrela de Tabby ou estrela de Boyajian, escanearam o tipo de emissão de laser que poderia ser produzida por uma civilização.
Já se passaram três anos e meio desde que a descoberta da KIC 8462852, e a maneira como ela escurece e brilha aparentemente ao acaso provou ser um enigma para os astrônomos. De fato, é tão novo que uma explicação inicial envolveu “uma mega estrutura alienígena” como a causa dessas flutuações aparentemente antinaturais.
Essa ideia foi infelizmente descartada no ano passado depois que uma análise determinou que alguns comprimentos de onda de luz foram bloqueados mais do que outros – o que não seria o caso se uma estrutura estivesse fazendo o bloqueio.
Outras hipóteses incluíram um planeta com anéis gigantescos passando em frente à estrela, vários cometas, lixo espacial, a estrela engolindo um planeta ou algo acontecendo dentro da própria estrela. Mas alguns astrônomos ainda não se deram por completos. Uma equipe da UC Berkeley SETI, liderada pelo então estudante David Lipman, aproximou-se da estrela de um ângulo inexplorado.
“Analisamos 177 espectros de alta resolução da estrela de Boyajian em um esforço para detectar potenciais sinais de laser de civilizações extraterrestres”, escreveram os pesquisadores em seu artigo. Usando dados do telescópio Automated Planet Finder do Lick Observatory, a equipe buscou uma luz de laser contínua mais potente que 24 megawatts. Esse é o limite inferior de potência detectável pelo telescópio a 1.470 anos-luz de distância – a distância até a KIC 8462852.
Este nível de poder está dentro das capacidades da tecnologia humana. Então, se uma civilização pelo menos tão avançada quanto a humanidade estivesse lá fora, ela poderia ter lasers, e poderiam estar usando-os de uma maneira que pudéssemos vê-los.
Então, a equipe vasculhou dados do telescópio. E eles, na primeira passagem, encontraram alguns sinais que pareciam promissores, antes de terem que descartá-los. “Falsos positivos resultantes de eventos de raios cósmicos foram eliminados através de um processo de análise de múltiplos passos”, escreveram os pesquisadores. “Os principais candidatos da análise podem ser explicados tanto como provenientes de raios cósmicos, linhas de emissão estelar ou linhas de emissão de brilho atmosférico”, concluíram.
Então, não há alienígenas (ainda). No entanto, esse trabalho também serviu a outro propósito. Ele estabelece as bases para futuras análises similares de centenas de outros objetos que o telescópio Automated Planet Finder está observando como parte do projeto Breakthrough Listen para procurar por inteligência extraterrestre. [ScienceAlert]