Nas últimas semanas, uma enorme tempestade de poeira se formou em Marte, e agora ela cresceu tanto que engoliu todo o planeta. A tempestade agora cobriu o Opportunity e o Curiosity, fazendo com que a NASA suspendesse as missões científicas, o que pode levar semanas ou até mesmo meses.
Apesar de quão aterrorizante possa parecer o Planeta Vermelho agora, essa não é a primeira vez que vimos tempestades tão grandes engolindo Marte.
Na verdade, a primeira tempestade de poeira que vimos a nível global foi 1971, quando a Mariner 9 chegou a Marte para nos dar nossas primeiras imagens orbitais do planeta. Infelizmente, quando chegou lá a visão ficou obscurecida por um mês enquanto a poeira rodopiava ao redor de Marte.

Assim fica a visão antes e durante uma tempestade em Marte.
Desde então, vimos cerca de meia dúzia de outras tempestades gigantescas em volta do planeta. Os cientistas pensam que este é um ciclo impulsionado pelas estações do ano em Marte. “Uma vez a cada três anos em Marte (cerca de 5,5 anos terrestres), em média, as tempestades normais se transformam em tempestades de poeira que circundam o planetas”, disse Michael Smith da NASA.
Embora a ideia de uma tempestade tão grande que cubra todo o planeta possa parecer aterrorizante e perigosa, devido à fina atmosfera em Marte – apenas cerca de 1% tão densa quanto a da Terra – os ventos até mesmo nas maiores tempestades provavelmente não serão suficientemente fortes para causar danos significativos ao equipamento mecânico dos rovers lá.
A maior ameaça dessas tempestades vem não da velocidade do vento, mas da poeira que carrega. Bloqueando a luz do sol de alcançar a superfície, as tempestades de poeira já forçaram a NASA a colocar o rover Opportunity movido a energia solar em hibernação.
Mas mesmo para o Curiosity movido a energia nuclear, que obviamente não é afetado pela queda súbita de luz, a poeira ainda representa um problema. Devido ao pequeno tamanho das partículas de poeira em Marte, o material é sempre levemente eletrostático. Isso significa que ele adere a todas as superfícies e é difícil de remover, ameaçando entrar em engrenagens e entupir as coisas.
Os pesquisadores, no entanto, não estão particularmente preocupados com o Curiosity, e estão bastante animados em poder ter a chance de ver o que exatamente acontece nas tempestades de poeira globais, potencialmente ajudando-os a entender por que elas se desenvolvem. [IFLS]
Divulgador científico há pelo menos 6 anos, dedica seu tempo a tornar a astronomia mais popular entre o público leigo, constantemente traduzindo, escrevendo e adaptando matérias com abordagem didática para o projeto Mistérios do Espaço. É natural da cidade de Conceição do Coité e está graduando em Comunicação Social, pela Universidade do Estado da Bahia.