Planetas

Novo estudo revela por que a Lua perdeu seu campo magnético

Os cientistas sabem há 50 anos que a Lua já teve um campo magnético, mas por que ele desapareceu têm sido um mistério. Novas evidências datam do desaparecimento do campo entre 1 e 1,5 bilhão de anos atrás, o que, apesar de um período épico de tempo, é muito mais recente do que as estimativas anteriores diziam. Se correto, uma novo estudo lança uma luz sobre o que causou o campo em primeiro lugar e pode ajudar a encontrar vida em torno de estrelas próximas.

(Créditos: Reprodução)

Uma das principais descobertas das missões da Apollo foi que algumas rochas lunares trazidas pelos astronautas foram magnetizadas. As missões confirmaram que o nosso satélite geologicamente morto não possui campo magnético hoje para induzir esse efeito. Cientistas planetários concluíram que uma vez, antes de seu núcleo esfriar, a Lua tinha um dínamo lunar que induzia um campo magnético, que deixou marcado nas rochas formadas na época.

O professor Benjamin Weiss, do MIT, procurou uma resposta para a questão de quando o campo desapareceu. Existem três teorias principais sobre o que causou o campo em primeiro lugar – convecção térmica, precessão do manto e cristalização do núcleo. Os modelos sugerem que o primeiro deles teria durado apenas cerca de um bilhão de anos a partir da formação do satélite, e o segundo não mais que 2 bilhões de anos. No entanto, a cristalização do núcleo conduzindo um dínamo de convecção poderia ter durado até perto dos dias atuais.

A resolução de qual deles era responsável não apenas nos revelaria muito sobre o desenvolvimento da Lua, mas também informaria modelos da vida útil de tais campos magnéticos em outros mundos. Como um campo magnético é provavelmente um requisito essencial para a proteção da radiação, e, portanto, importante para a biologia, a questão é de extrema importância para qualquer pessoa interessada na vida além da Terra.

Na revista Science Advances, Weiss fornece evidências de que, nas épocas em que as rochas derretidas formadas por dois grandes impactos esfriavam, o campo magnético da Lua era menos de um décimo de milionésimo de um tesla (medida usada para saber a intensidade de um fluxo magnético). Para comparação, o campo da Terra é mais de 250 vezes maior que este número.

As informações de Weiss nos trazem a 440 e 910 milhões de anos atrás, mas o artigo aponta para outras amostras que indicam que um campo fraco e substancial persistiu até pelo menos 1,9 bilhão de anos atrás. A cristalização do núcleo é a única explicação conhecida para esse magnetismo duradouro, mas pode não ser a explicação para a história toda.

Os campos magnéticos protegem planetas dos ventos ou explosões estelares que, de outra forma, prejudicariam a atmosfera. Sem eles, a vida é improvável, principalmente em torno de estrelas anãs vermelhas, onde a proximidade aumenta os perigos em mundos potencialmente habitáveis, como o Proxima b e os membros do sistema Trappist-1.

Para que a vida ultrapasse o estágio unicelular, esses mundos precisariam de campos magnéticos muito fortes e de longa duração, e entender o que aconteceu com a Lua pode nos ajudar a entender esse processo.

Por Stephen Lunzt
Traduzido e adaptado de IFLScience

Alexsandro Mota

Nordestino, um grande amante da astronomia e divulgador científico há quase uma década. Sou o criador do projeto Mistérios do Espaço e dedico meu tempo a tornar a astronomia mais acessível.