Astrobiologia

Minerais nunca vistos na Terra são encontrados em lua de Saturno

Titã é a maior lua de Saturno, um mundo gelado com uma atmosfera espessa, com rios e lagos de hidrocarbonetos líquidos. Dados coletados da sonda Cassini indicam química complexa na Lua – que os pesquisadores tentaram recriar no laboratório.

Titã, a única lua no sistema solar com atmosfera considerável. (Créditos: NASA)

A recriação levou à descoberta de que Titã pode ter cristais que não se formariam naturalmente na Terra. Ao contrário dos minerais do nosso planeta que são feitos de carbonatos ou silicatos, alguns dos cristais de Titã podem ser feitos de moléculas orgânicas por causa de sua baixa temperatura. Os resultados são apresentados na Conferência de Ciências Astrobiológicas de 2019.

A equipe recriou a atmosfera usando nitrogênio líquido para resfriar o sistema e misturar a atmosfera de nitrogênio, metano e etano gasosos de Titã. A primeira substância que eles produziram foi uma espécia de cristal peculiar, onde as moléculas tradicionalmente hexagonais do benzeno foram rearranjadas para conter uma molécula de etano entre elas.

Outro produto particularmente fascinante que eles testemunharam é a formação de cristais feitos de acetileno e butano. Na Terra, essas duas substâncias são gases, mas na refrigeração de Titã a -179 °C, elas estão em estado sólido. Este co-cristal provavelmente é mais abundante em Titã do que o benzeno, baseado no que conhecemos da composição da atmosfera da lua.

Pesquisadores mostraram que esses compostos provavelmente se dissolvem no metano e no etano que compõem os lagos de Titã. À medida que evapora lentamente, esses cristais formam depósitos que podem estar cobrindo as margens de praias do satélite natural.

Nem a Cassini nem a sua sonda, a Huygens, foram feitas para uma tarefa tão específica como encontrar vestígios destes minerais possíveis. A Cassini terminou sua missão há quase dois anos. Uma missão em potencial para Saturno, chamada Dragonfly, poderia ser selecionada para ser lançada em 2024, que veria um drone voando ao redor de Titã para estudar sua química em detalhes. Se selecionada, é possível que estes cristais estranhos estejam a pouco mais de uma década de serem realmente descobertos lá fora. [IFLS]

Alexsandro Mota

Nordestino, um grande amante da astronomia e divulgador científico há quase uma década. Sou o criador do projeto Mistérios do Espaço e dedico meu tempo a tornar a astronomia mais acessível.