Estrelas

Aprenda a tirar fotos do céu noturno usando um celular

A ideia de usar apenas câmeras profissionais para registrar as estrelas está ficando no passado. As novas tecnologias de sensores fotográficos, além do aprimoramento das fotografias por software, estão cada vez mais sendo aperfeiçoadas e hoje já é possível registrar os mais fracos objetos celestes usando um simples celular.

Foto da Via Láctea com 16s de exposição e ISO 1600 com o Redmi Note 7. (Créditos: Alexsandro Mota)

Respondendo uma das dúvidas mais recorrentes na Mistérios do Espaço, já postamos um vídeo tutorial de como fazer essa façanha. Agora, nesta matéria, vamos explicar passo-a-passo de como fazer isso. Afinal, você pode ter uma máquina incrível de registrar as estrelas no seu bolso e não sabe.

Exposição: O item principal desta matéria é a longa exposição. Fotos do céu noturno requerem que o sensor da câmera fique um longo período captando a luz fraquíssima das estrelas. Alguns celulares podem vir com 1s, 3s, 8s, 16s e 32s para exposição. Esse tipo de configuração é feita para determinar o tempo em que a foto ficará sendo tirada pelo aparelho. Fotos do céu noturno, por exemplo, é ideal que o celular possibilite, no mínimo, 8s de exposição.

Abertura: Sabendo da possibilidade da longa exposição, verifique na internet a abertura da câmera do seu celular. Alguns aparelhos atuais já possuem até f1.7 de abertura máxima – considerando que quanto menor esse número, mais luz entra para o sensor. Dessa forma, celulares muito fechados, com abertura acima de f2.0, as fotos não ficam legais e a captação de estrelas vai ser quase nula.

ISO: Tão importante quanto a exposição, o ISO irá determinar a sensibilidade do sensor à luz. Alguns aparelhos já possuem uma gama de ISO que vai do 100 à 3200. Esse número possibilita você configurar o celular para captar menos ou mais luz independente da abertura ou exposição, e a junção dos três pontos farão a foto captar pouca ou muita estrela. É ideal que aparelho permita configurar até pelo menos 1600, abaixo disso a foto ficará extremamente escura e sem estrelas.

Foco: Na hora de tirar fotos, ninguém quer que ela fique borrada por estar desfocada. Nas câmeras semi e profissionais, o foco pode ser regulado de forma manual girando um mecanismo da lente. Alguns celulares permitem que essa configuração seja feita juntamente com o ISO e exposição. É importante colocar no chamado “foco infinito“, pois assim as estrelas ficaram focadas e perfeitamente nítidas.

Como eu faço isso tudo no celular?

Sabendo dessas configurações necessárias, é hora de partir para o aplicativo de câmera nativa do celular. Lá, você procurá o chamado “modo pro” ou “modo manual“. Somente com esses modos será possível regular tudo que falamos acima. Porém, existem um problema chamado Poluição Luminosa (PL), que, mesmo com o aparelho possibilitando todas essas configurações, as fotos não captarão estrelas. As luzes dos postes e das casas ofuscam o brilho faco delas e você só registraria um borrão branco no céu.

As configurações em um Redmi Note 7. (Créditos: Alexsandro Mota)

Configurações recomendadas: Se você mora no centro urbano de uma grande cidade, será praticamente impossível registrar estrelas. No entanto, quem mora um pouco mais afastado das luzes ou em cidade pequena, poderá usar as seguintes configurações de tempo de exposição e ISO.

  1. Média PL: 8s – ISO 1600 ou 8s – ISO 800
  2. Pouca PL: 16s – ISO 1600 ou 16s – ISO 400
  3. Nenhuma PL: 16s – ISO 3200 ou 16s – ISO 1600

Fique atento a não usar muita exposição, mesmo sem poluição luminosa. O sensores dos celulares, por mais avançados que já estejam, ainda possuem problema com ruídos. A foto poderá não ficar com a nitidez que você realmente quer. Além do mais, não fique preso a essas configurações, tente combinar exposição e ISO de acordo com o nível de PL de sua região.

Não são todos os celulares que possibilitam esse tipo de foto, por limitações do próprio sensor e de software. É importante também o uso de um tripé ou apoio para o celular, visto que estamos falando de uma foto em longa exposição, e, portanto, qualquer movimento deixará sua fotografia borrada e sem nitidez – é praticamente impossível tirar uma foto assim com a mão.

Agora é configurar e registrar. Bons céus!

Alexsandro Mota

Nordestino, um grande amante da astronomia e divulgador científico há quase uma década. Sou o criador do projeto Mistérios do Espaço e dedico meu tempo a tornar a astronomia mais acessível.