Uma misteriosa síndrome tem prejudicado a visão dos astronautas na Estação Espacial Internacional, causando uma miopia intratável que persiste por meses, mesmo depois de terem retornado à Terra.
O problema é tão ruim que dois terços dos astronautas relatam ter a visão deteriorada depois de passar determinado tempo em órbita. Agora os cientistas dizem que finalmente têm algumas respostas.
“Ninguém passou dois anos sem exposição a isso, e a preocupação é que teríamos perda de visão“, disse Dorit Donoviel, do Instituto Nacional de Pesquisas Biomédicas do Espaço, ao The Guardian. “Isso é catastrófico para um astronauta.“, conclui.
No começo deste ano, a NASA relatou que algo no espaço mexe com a visão dos astronautas, causando prejuízo a longo prazo para a qualidade de visão.
O astronauta Scott Kelly, cuja excepcional visão foi parte da razão pela qual ele foi selecionado para ser o primeiro astronauta da América a passar um ano inteiro no espaço, diz que ele foi forçado a usar óculos de leitura desde que voltou para casa.
A NASA suspeitou que a condição – chamada deficiência visual entre síndrome da pressão craniana, ou VIIP – foi causada pela falta de gravidade no espaço.
A hipótese era que a microgravidade da ISS estava aumentando a pressão na cabeça dos astronautas, fazendo com que cerca de 2 litros de fluido vascular se deslocassem em direção a seus cérebros.
Eles dizem que a pressão foi responsável pelo achatamento dos globos oculares e inflamação dos nervos ópticos observados em astronautas retornados.
“Na Terra, a gravidade puxa fluidos corporais para baixo em direção aos pés. Isso não acontece no espaço, e pensa-se que o fluido extra no crânio aumenta a pressão sobre o cérebro e a parte de trás do olho”, disse Shayla Love para o Washington Post.
Agora, uma equipe da Universidade de Miami realizou o primeiro estudo para realmente testar essa ideia, e descobriu que algo a mais têm causado problemas de visão nos astronautas.
Os pesquisadores recolheram dados de exames cerebrais de sete astronautas que passaram muitos meses na ISS e os compararam a exames de nove astronautas que acabavam de fazer viagens curtas.
A grande diferença entre os dois era que os astronautas de longa duração tinham significativamente mais líquido cefalorraquidiano (CSF) em seus cérebros do que os astronautas de curta viagem, e os pesquisadores dizem que isso – e não o líquido vascular – é a causa da perda de visão.
Os resultados foram apresentados na reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte, em Chicago, nesta semana (aqui está o resumo), e ainda têm de ser revisados, então temos que esperar para que os resultados sejam analisados por uma equipe independente para que possamos ter a certeza de que esta é a resposta. [ScienceAlert].