Galáxias

É possível conectar toda a Via Láctea com internet?

Você pode ter problemas para se conectar ao seu Wi-Fi já a poucos metros do roteador, mas conectar o cosmos está em um nível completamente diferente – e um especialista diz que pode levar 300 mil anos para conectar toda a Via Láctea.

Em vez de esticar cabos de planeta para planeta, poderíamos piscar a luz do nosso Sol para dentro das profundezas do espaço, assim como sinalizar com uma mão na frente de uma lanterna. Duncan Forgan, da Universidade de St. Andrews, no Reino Unido, bolou a matemática por trás de um modelo que usa feixes de laser da Terra para interferir com os raios do Sol, enquanto nosso planeta gira em torno dele, transmitindo mensagens além do Sistema Solar.

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E se pudéssemos encontrar outras 500 civilizações tecnologicamente avançadas na Via Láctea, um sistema de comunicação que esticaria o comprimento e a amplitude da galáxia levaria cerca de 300 mil anos para ser construído, diz Forgan.

“Se você quer se comunicar com alguém do outro lado da galáxia, lembre-se que há muitas coisas no caminho – poeira, estrelas, um grande buraco negro”, disse Forgan. Então, mesmo que não estivéssemos no lugar certo para receber sinais de um determinado planeta, poderemos receber a mensagem através de vários outros sistemas primeiro.

Ao usar os planetas à medida que circulam em torno de suas estrelas, poderíamos juntar uma rede com explosões regulares de sinais – e já temos telescópios como Kepler olhando para os planetas passando na frente das estrelas, de modo que seria necessário menos trabalho na extremidade receptora.

Forgan também admite algumas limitações para o seu trabalho: não leva em conta a mudança de órbitas planetárias ao longo do tempo, e para alcançar mesmo esses prazos extremamente longos, provavelmente precisaria da participação de centenas de civilizações alienígenas para nos ajudar a construir essa rede.

Outros especialistas não estão convencidos de que o sistema proposto funcionaria, especialmente com a necessidade de ajuda de outros planetas para configurá-lo.

“Uma vez que uma civilização é avançada o suficiente para ter a tecnologia para construir megasestruturas, é muito mais provável que eles deixem seu planeta”, disse Avi Loeb, da Universidade de Harvard. “Cada sinal levaria milhares de anos para viajar de um lado para o outro. No tempo cósmico, que pode não ser tão longo, você precisa de paciência”, concluiu ele.

Considerando as vastas distâncias envolvidas, já é incrível que possamos obter sinais das sondas e rovers que enviamos para o espaço. Os pesquisadores trabalham arduamente nas formas em que nossas comunicações interplanetárias possam ser melhoradas, e agora há esse um novo modelo para analisarmos. [ScienceAlert]

Alexsandro Mota

Nordestino, um grande amante da astronomia e divulgador científico há quase uma década. Sou o criador do projeto Mistérios do Espaço e dedico meu tempo a tornar a astronomia mais acessível.